Estudo liderado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) mostra que proibir a venda de tabaco para pessoas nascidas entre 2006 e 2010 poderia prevenir 1,2 milhão de mortes por câncer de pulmão até 2095. O trabalho tem participação de Paulo César Rodrigues Pinto Corrêa (foto), da Universidade Federal de Ouro Preto, e é um dos primeiros estudos a avaliar o impacto da eliminação do tabaco como parte de uma nova estratégia, conhecida como iniciativa da geração sem tabaco, que pretende reduzir drasticamente as taxas de tabagismo, eliminando gradualmente as vendas de tabaco com base nas datas de nascimento para, em última análise, prevenir o tabagismo entre as gerações mais jovens.
Iniciativas da geração sem tabaco tem sido implementadas em muitos países, como a Nova Zelândia e em várias partes da Austrália e dos EUA. O estudo de Brandariz et al., publicado no The Lancet Public Health (1), inclui 185 países e considera informações do Banco de Dados de Mortalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do banco de dados de Incidência de Câncer em Cinco Continentes da IARC. Os resultados são baseados em um cenário onde as vendas de tabaco foram proibidas para pessoas nascidas entre 1º de janeiro de 2006 e 31 de dezembro de 2010, em contextos em que essa intervenção foi perfeitamente aplicada.
A coorte de nascimento incluiu um total de 650 milhões de pessoas. A análise de Brandariz e colegas mostra que, globalmente, 1,2 milhão de mortes por câncer de pulmão (40,2% de todas as mortes por câncer de pulmão) que eram esperadas entre a geração estudada (a coorte de nascimento de 2006-2010) seriam evitadas se o tabagismo fosse eliminado. Os resultados indicam que mais mortes por câncer de pulmão poderiam ser evitadas em homens (45,8% de todas as mortes por câncer de pulmão) do que em mulheres (30,9% de todas as mortes por câncer de pulmão). No entanto, em algumas regiões, como América do Norte, partes da Europa, Austrália e Nova Zelândia, o percentual de mortes por câncer de pulmão que poderiam ser evitadas se essa estratégia fosse implementada foi maior em mulheres do que em homens.
Entre as regiões, o percentual de mortes por câncer de pulmão que poderiam ser evitadas entre os homens foi mais elevado na Europa Central e Oriental (74,3%) e entre as mulheres foi mais elevado na Europa Ocidental (77,7%).
A íntegra do artigo está disponível em acesso aberto.
Referência:
Rey Brandariz J, Rumgay H, Ayo-Yusuf O, Edwards R, Islami F, Liu S, et al. (2024). Estimated impact of a tobaccoelimination strategy on lung-cancer mortality in 185 countries: a population-based birth-cohort simulation study. Lancet Public Health. Published online 3 October 2024; https://doi.org/10.1016/S2468-2667(24)00185-3