Onconews - ICARIA: novos dados de sobrevida de isatuximabe no mieloma múltiplo

sangueAnálise de sobrevida global atualizada 24 meses após a análise primária revelou que a adição de isatuximabe à pomalidomida-dexametasona continuou a demonstrar benefício significativo na sobrevida livre de progressão de pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário, projetando-se como novo padrão de tratamento nessa população de pacientes. Os resultados estão em artigo de Paul G Richardson e colegas, no Lancet Oncology.

Neste estudo randomizado, aberto, de Fase 3, foram inscritos pacientes adultos (≥ 18 anos) com mieloma múltiplo recidivado e refratário, expostos a pelo menos duas linhas prévias de tratamento, incluindo lenalidomida e um inibidor de proteassoma. Os pacientes elegíveis foram randomizados (1:1), estratificados pelo número de linhas anteriores de tratamento (2–3 vs >3) e idade (<75 vs ≥75 anos) para receber isatuximabe-pomalidomida-dexametasona ou pomalidomida-dexametasona (grupo controle).

Os pacientes do grupo experimental receberam 10 mg/kg de isatuximabe nos dias 1, 8, 15 e 22 do primeiro ciclo de 4 semanas e, em seguida, nos dias 1 e 15 dos ciclos subsequentes. Ambos os grupos receberam pomalidomida oral 4 mg nos dias 1-21 de cada ciclo e dexametasona oral ou intravenosa semanalmente 40 mg (20 mg se idade ≥ 75 anos) nos dias 1, 8, 15 e 22 de cada ciclo. O tratamento foi continuado até progressão da doença, toxicidade inaceitável ou retirada do consentimento.

Richardson et al. relatam a segunda análise interina pré-especificada de sobrevida global na população com intenção de tratar 24 meses após a análise primária. A segurança foi avaliada em todos os pacientes que receberam pelo menos uma dose ou dose parcial de isatuximabe. 

Resultados

Entre 10 de janeiro de 2017 e 2 de fevereiro de 2018, foram selecionados 387 pacientes, randomizados para o grupo isatuximabe (n=154) ou controle (n=153). O acompanhamento médio no corte de dados (1º de outubro de 2020) foi de 35,3 meses (IQR 33,5–37,4). Os autores reportam que a sobrevida global mediana foi de 24,6 meses (IC 95% 20,3–31,3) no grupo isatuximab e de 17,7 meses (14,4–26,2) no grupo controle (taxa de risco 0,76 [95 % CI 0·57–1·01]; log-rank unilateral p=0·028).

Os eventos adversos emergentes de tratamento de grau ≥3 ou pior mais frequentes no grupo isatuximabe versus o grupo controle foram neutropenia (76 [50%] de 152 pacientes vs 52 [35%] de 149 pacientes), pneumonia (35 [23%] vs 31 [21%]) e trombocitopenia (20 [13%] vs 18 [12%]). Eventos adversos graves decorrentes do tratamento foram observados em 111 (73%) pacientes no grupo isatuximabe e em 90 (60%) pacientes no grupo controle. Duas (1%) mortes relacionadas ao tratamento ocorreram no grupo isatuximabe (uma por sepse e outra por infarto cerebelar) e duas (1%) ocorreram no grupo controle (uma por pneumonia e uma por infecção do trato urinário).

Em conclusão, a adição de isatuximabe a pomalidomida-dexametasona resultou em uma diferença de 6,9 ​​meses na sobrevida global mediana em comparação com pomalidomida-dexametasona isoladamente e é um novo padrão de tratamento para mieloma múltiplo recidivado, em pacientes refratários à lenalidomida e ao inibidor de proteassoma. O acompanhamento final da análise de sobrevida global ainda está em andamento.

Este estudo está registrado no ClinicalTrials.gov: NCT02990338.

Referência: Richardson et al. Isatuximab plus pomalidomide and low-dose dexamethasone versus pomalidomide and low-dose dexamethasone in patients with relapsed and refractory multiple myeloma (ICARIA-MM): follow-up analysis of a randomised, phase 3 study. Lancet Oncology. DOI:https://doi.org/10.1016/S1470-2045(22)00019-5