Em publicação ahead of print no Journal of Surgical Oncology, Daniel José Szór (foto) e colegas descrevem resultados cirúrgicos do fechamento abdominal temporário em pacientes oncológicos submetidos à peritoneostomia. O trabalho apresenta a experiência do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e tem como autor sênior o cirurgião Ulysses Ribeiro Júnior (na foto, à esquerda), professor de cirurgia do aparelho digestivo do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, também médico do ICESP.
Em pacientes gravemente enfermos, Szór e colegas esclarecem que o fechamento abdominal temporário (TAC, na sigla em inglês) é utilizado para condições como risco de síndrome compartimental abdominal, contaminação abdominal grave e dúvidas sobre a viabilidade da alça intestinal. “As técnicas de TAC visam proteger o conteúdo abdominal, drenar fluidos intraperitoneais e minimizar danos à fáscia e à pele. Nosso objetivo é delinear características clínicas e resultados cirúrgicos em pacientes oncológicos submetidos à peritoneostomia”, explicam.
A análise considerou pacientes do ICESP submetidos ao fechamento abdominal temporário com terapia a vácuo, a partir de informações do banco de dados institucional.
Os resultados publicados no Journal of Surgical Oncology mostram que 47 pacientes (54,3% mulheres), com idade média de 63,1 ± 12,3 anos, foram incluídos no estudo. O local do tumor primário foi predominantemente gastrointestinal (78,2%). Os autores descrevem que os pacientes apresentavam sinais sistêmicos de doença crônica, refletidos por um índice de massa corporal médio de 18,2 ± 7,6 kg/m², nível de hemoglobina de 9,2 ± 1,8 g/dL e nível de albumina de 2,3 ± 0,6 g/dL. Além disso, a maioria dos pacientes tinha status de baixo desempenho (53% Eastern Cooperative Oncology Group 1 – 2; 44,8% pontuação de Karnofsky ≤80 e 61,2% Índice de Comorbidade de Charlson ≥6). Szór e colegas apontam complicações cirúrgicas de emergência como os principais motivos para a cirurgia inicial (68%), com a maioria atribuída à peritonite fecal (65,9%). Apenas 14,8% dos pacientes obtiveram fechamento abdominal completo, com média de 24,8 dias até o fechamento. A taxa de mortalidade hospitalar foi de 85,2%.
“TAC é uma alternativa para pacientes oncológicos com complicações cirúrgicas, mas carrega alta taxa de mortalidade como consequência das condições comprometidas dos pacientes”, concluem os autores.
Além da participação de Daniel José Szor e Ulysses Ribeiro Júnior, o trabalho tem como coautores Rodrigo Ambar Pinto, Carlos de Almeida Obregon, Francisco Tustumi, Fernando Perazzo, Lucas Catapreta Stolzemburg e Sérgio Silveira.
Referência:
Szor DJ, Pinto RA, Obregon CA, Tustumi F, Perazzo F, Stolzemburg LC, Silveira S, Júnior UR. Temporary abdominal closure in oncological patients: Surgical characteristics and implications. J Surg Oncol. 2024 Jun 17. doi: 10.1002/jso.27729. Epub ahead of print. PMID: 38881409.