Onconews - Implicações clínicas da deficiência de reparo de recombinação homóloga em tumores do trato biliar

Estudo publicado no ESMO Open buscou caracterizar molecularmente uma coorte de pacientes com câncer do trato biliar com foco nas alterações genômicas nos genes de reparo de recombinação homóloga (HRR) em um cenário do mundo real. “Esta é a maior análise multicêntrica de dados de mundo real sobre o status de HRR no câncer do trato biliar”, afirmaram os autores.

No estudo, os pesquisadores realizaram uma análise retrospectiva em 256 pacientes com câncer do trato biliar tratados em cinco centros austríacos e um centro de câncer alemão entre 2016 e 2023 utilizando plataformas abrangentes de perfil genômico para avaliar o status do reparo de recombinação homóloga e sua correlação com resultados clínicos após quimioterapia à base de platina.

Um total de 67 pacientes (27,5%) apresentaram mutações no gene HRR (HRRm), com as alterações patogênicas mais comuns em BAP1 (9%), ARID1A (7,8%) e ATM (6,1%). O tempo até a falha do tratamento de primeira linha (TFS) entre pacientes com HRRm e sem HRRm tratados com agentes de platina foi de 7,9 e 6,7 meses, respectivamente [razão de risco (HR) 0,89; P = 0,49].

As estimativas de sobrevida global (SG) em 6, 18 e 24 meses foram de 82%, 45% e 39% no grupo HRRm (mediana 16,01 meses) e 81%, 42% e 22% no grupo HRR (mediana 15,68 meses), respectivamente (teste de Fleming-Harrington P = 0,0004; log-rank P = 0,022).

A significância não persistiu na análise multivariada (HR 0,72; IC 95% 0,489-1,059; P = 0,095). Foi observada uma interação entre o status de HRRm e estratégias terapêuticas informadas molecularmente em linhas posteriores.

No tratamento de segunda linha, a sobrevida global após um regime à base de irinotecano foi comparável à reexposição a agentes à base de platina (12,36 versus 10,13 meses; HR 0,92; P = 0,85). Nenhum resultado melhor foi observado para pacientes com HRRm versus pacientes sem HRRm com agentes de platina de segunda linha (HR 1,45; P = 0,35).

Em síntese, pacientes com câncer do trato biliar com mutações no gene ge reparo de recombinação homóloga mostraram uma vantagem potencial na sobrevida global após quimioterapia de primeira linha à base de platina, presumivelmente atribuída a maiores oportunidades para coalterações direcionáveis. “Mais investigações são necessárias para delinear o reparo de recombinação homóloga no âmbito dos tumores do trato biliar e detalhar uma sensibilidade clinicamente significativa aos agentes de platina ou abordagens direcionadas com inibidores da PARP”, concluíram.

Referência:

I.-A. Mavroeidi, J. Burghofer, S. Kalbourtzis, H. Taghizadeh, G. Webersinke, G. Piringer, S. Kasper, G. Schreil, S.T. Liffers, A. Reichinger, P. Kirchweger, S. Heibl, R. Hamacher, C.A. Schmitt, M. Schuler, G.W. Prager, D. Kersting, J. Treckmann, H.-U. Schildhaus, H. Rumpold, J.T. Siveke, B. Doleschal, Understanding homologous recombination repair deficiency in biliary tract cancers: clinical implications and correlation with platinum sensitivity, ESMO Open, Volume 9, Issue 8, 2024, 103630, ISSN 2059-7029, https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2024.103630.