Onconews - Inibidores de PARP no carcinoma urotelial metastático

bexiga 2020Mutações em genes de reparo de recombinação homóloga (HRRm) são comuns no carcinoma urotelial (UC), tornando as células tumorais sensíveis a inibidores de PARP. Análise de Rosenberg et al. no Journal of Clinical Oncology mostrou que a adição do inibidor de PARP olaparibe ao anti PD-L1 durvalumabe não melhorou os resultados de sobrevida em uma população de pacientes com carcinoma urotelial metastático (mUC).  Os resultados de eficácia com durvalumabe foram semelhantes aos relatados por outros agentes anti PD-L1, mas análises secundárias sugerem papel potencial para a inibição de PARP em pacientes com UC com HRRm.

Neste estudo randomizado, multicêntrico, de Fase II foram considerados pacientes com mUC não tratados e inelegíveis para platina. Os pacientes (N = 154) foram randomizados 1:1 para receber durvalumabe (1.500 mg por via intravenosa uma vez a cada 4 semanas) mais olaparibe (300 mg por via oral, duas vezes ao dia) ou durvalumabe mais placebo. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão (SLP) (RECIST versão 1.1). Endpoints secundários incluíram sobrevida global em todos os pacientes e SLP em pacientes com HRRm.

Os resultados relatados por Rosenberg et al. no JCO mostram que a mediana de SLP foi de 4,2 meses (IC de 95%, 3,6 a 5,6) para durvalumabe mais olaparibe e de 3,5 meses (IC de 95%, 1,9 a 5,1) para durvalumabe mais placebo (razão de risco [HR], 0,94; IC de 95%, 0,64 a 1,39; valor P log-rank, 0,789). A sobrevida global mediana foi de 10,2 meses (IC 95%, 7,0 a 13,9) e 10,7 meses (IC 95%, 7,2 a 17,3), respectivamente (HR, 1,07; IC 95%, 0,72 a 1,61). Nos 20% dos pacientes com HRRm, a SLP mediana foi de 5,6 meses (IC 95%, 1,9 a 8,1) e 1,8 meses (IC 95%, 1,7 a 2,2), respectivamente (HR, 0,18; IC 95%, 0,06 a 0,47).

Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos de grau 3 ou 4 relacionados ao tratamento ocorreram em 18% dos pacientes de durvalumabe + olaparibe e em 9% dos pacientes que receberam durvalumabe + placebo.

Em síntese, este estudo (BAYOU) não atingiu seu principal endpoint, pois não houve benefício de sobrevida livre de progressão com durvalumabe mais olaparibe versus durvalumabe mais placebo em uma população não selecionada por biomarcadores. No entanto, os resultados de análises secundárias sugerem benefício de sobrevida livre de progressão com durvalumabe mais olaparibe em pacientes cujos tumores abrigam mutações em genes de reparo de recombinação homóloga.

Referência: Durvalumab Plus Olaparib in Previously Untreated, Platinum-Ineligible Patients With Metastatic Urothelial Carcinoma: A Multicenter, Randomized, Phase II Trial (BAYOU) - DOI: 10.1200/JCO.22.00205 Journal of Clinical Oncology - Published online June 23, 2022.