Onconews - Integração de cuidados paliativos e intensidade de cuidados de fim de vida no CPCNP

Estudo de mundo real publicado no Lung Cancer Journal avaliou a integração dos cuidados paliativos e sua relação com a intensidade dos cuidados de fim de vida em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas. “Os cuidados paliativos ainda não estão suficientemente integrados para essa população de pacientes”, afirmaram os autores.

“Os cuidados paliativos precoces são recomendados para pacientes com câncer avançado, mas foram descritos vários modelos de integração de cuidados paliativos. Além disso, com o recente progresso terapêutico no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), ficou mais difícil identificar o momento certo para iniciar as intervenções da equipe de cuidados paliativos”, observaram os autores.

Esse estudo de coorte observacional incluiu pacientes com CPCNP metastático sem mutações drivers que faleceram entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022 e foram tratados em primeira linha com imunoterapia +/- quimioterapia. Os pesquisadores analisaram os critérios de integração dos cuidados paliativos e de agressividade do cuidado de fim de vida no último mês antes do óbito: administração de tratamento antineoplásico sistêmico, atendimentos de emergência, internação em unidade de terapia intensiva, internação, tempo de internação >14 dias e óbito hospitalar.

Resultados

Entre 149 pacientes, 75 (50%) encontraram-se com a equipe de cuidados paliativos pelo menos uma vez, e o tempo médio desde o primeiro encontro até a morte foi de 2,3 meses. No último mês antes da morte, pelo menos um critério de cuidado de fim de vida agressivo estava presente em 97 pacientes (70%).

Para pacientes com uso de cuidados paliativos em menos de 30 dias (CP <30 dias) e 90 dias (CP<90 dias) antes da morte, houve alterações significativas: aumento na frequência de tratamento anticâncer sistêmico (respectivamente 51,1% vs 20%; p<0,001 e 58,7% vs. 6,2%; diminuição na hospitalização com duração >14 dias (respectivamente 30% vs 7%; p=0,001 e 36% vs 6,2%; p=0,018) e na hospitalização por morte (respectivamente 66% e 18%; p<0,001 e 58,7% e 10,3% ; p<0,001).

Após ajuste para os fatores testados, pacientes sem cuidados paliativos ou com uso tardio de cuidados paliativos no último mês antes do óbito ou nos últimos três meses antes do óbito, o odds ratio (OR) permaneceu significativamente maior que 1 (respectivamente OR=3,97 [1,70; 9,98]; p=0,001 e OR=23,1 [5,21–177,0], p<0,0001).

Em síntese, os resultados demonstram que os cuidados paliativos ainda não estão integrados rotineiramente para essa população de pacientes, com prejuízo para a qualidade dos cuidados de fim de vida. “Os centros de câncer devem monitorar indicadores-chave, como o uso de cuidados paliativos e os critérios de agressividade do atendimento de fim de vida”, propõe os autores.

Referência: A. Martin, M. Carton, L. Thery, A. Burnod, C. Daniel, P. Du Rusquec, N. Girard, C. Bouleuc. Palliative care integration and end-of-life care intensity for patients with NSCLC - Open Access. Published: April 24, 2024 DOI:https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2024.107800