Reitan Ribeiro, do Departamento de cirurgia oncológica do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, e Renato Moretti (à direita), do Departamento de Ginecologia Oncológica do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, são coautores da análise final de sobrevida global que comparou histerectomia radical aberta versus minimamente invasiva para câncer cervical em estágio inicial. Os resultados estão no Journal of Clinical Oncology (JCO) e demonstram que a cirurgia aberta deve ser o padrão de tratamento.
No estudo LAAC (Laparoscopic Approach to Cervical Cancer; NCT00614211) o objetivo dos pesquisadores foi comparar a sobrevida global entre histerectomia radical aberta e minimamente invasiva com participantes acompanhadas por 4,5 anos. O principal desfecho foi avaliar a não-inferioridade entre a cirurgia minimamente invasiva e a histerectomia radical abdominal em termos de sobrevida livre de doença (SLD). Os desfechos secundários incluíram sobrevida global.
O tamanho da amostra foi baseado em SLD de 90% em 4,5 anos e margem de não-inferioridade de 7,2% para cirurgia minimamente invasiva. Um total de 631 pacientes foram inscritas: 319 para cirurgia minimamente invasiva e 312 para cirurgia aberta. Destas, 289 (90,6%) pacientes foram submetidas à cirurgia minimamente invasiva e 274 (87,8%) pacientes realizaram cirurgia aberta.
Os resultados relatados no JCO mostram que em 4,5 anos, a SLD foi de 85,0% no grupo de cirurgia minimamente invasiva e de 96% no grupo de cirurgia aberta (diferença de –11,1; IC de 95%, –15,8 a –6,3; P = 0,95 para não-inferioridade). A cirurgia minimamente invasiva foi associada a menor taxa de SLD em comparação com a cirurgia aberta (razão de risco [HR], 3,91 [IC de 95%, 2,02 a 7,58]; P < 0,001).
A taxa de sobrevida global em 4,5 anos foi de 90,6% versus 96,2% para os grupos de cirurgia minimamente invasiva e aberta, respectivamente (HR para morte por qualquer causa = 2,71 [IC de 95%, 1,32 a 5,59]; P = 0,007). Diante da maior taxa de recorrência e pior sobrevida global com cirurgia minimamente invasiva, uma abordagem aberta deve ser o padrão de tratamento.
Referência:
Pedro T. Ramirez et al., LACC Trial: Final Analysis on Overall Survival Comparing Open Versus Minimally Invasive Radical Hysterectomy for Early-Stage Cervical Cancer. JCO 0, JCO.23.02335 DOI:10.1200/JCO.23.02335