As indicações precisas para a biópsia do linfonodo sentinela (BLS) no câncer de mama permanecem como fonte de debate em cenários clínicos complexos. Revisão crítica publicada por pesquisadores brasileiros na Surgical Oncology apresenta graus de recomendações para BLS, em estudo de Jordana de Faria Bessa (foto), Guilherme Garcia Novita, Laura Testa, Ruffo de Freitas Júnior e Gustavo Nader Marta.
Dois revisores (JFB e GNM) pesquisaram independentemente bancos de dados eletrônicos, considerando estudos de BLS como a principal intervenção. Filtros foram aplicados para recuperar apenas ensaios clínicos (randomizados ou experimentais não randomizados) e desfechos não oncológicos foram excluídos. Os estudos selecionados foram considerados para construir uma revisão narrativa focada em critérios de inclusão e desfechos de sobrevida, seguida por recomendações.
Os pesquisadores relatam que quatorze (n = 14) ensaios foram selecionados, incluindo onze (n = 11) ensaios randomizados para cirurgia inicial e três (n = 3) ensaios clínicos de grupo único para cirurgia após terapia neoadjuvante. Todos os ensaios para cirurgia inicial forneceram dados de sobrevida em longo prazo para BLS, que foram equivalentes ou não inferiores à dissecção axilar em tumores sem adenopatia palpável (cuidado com tumores T3 e T4 maiores) - Grau de recomendação: A.
Em tumores de até 5 cm, a recomendação de Bessa e colegas indica que a dissecção axilar completa não é necessária se até dois linfonodos sentinela forem positivos para macrometástase e a radioterapia for planejada - Grau de recomendação: A.
Se houver mais de dois linfonodos sentinela positivos para macrometástase, ou um linfonodo positivo diferente do sentinela, a dissecção axilar completa é recomendada - Grau de recomendação: A.
Após a quimioterapia neoadjuvante, considerando 10% como uma taxa aceitável de falsos negativos, a BLS pode ser oferecida para pacientes cN0 que permaneceram negativos e para pacientes cN1 que se tornam clinicamente negativos. A revisão mostra que a dissecção axilar completa pode não ser necessária se pelo menos dois linfonodos sentinelas forem recuperados e não houver doença residual - Grau de recomendação: B.
“A BLS pode ser realizada na maioria dos casos de linfonodos clinicamente negativos. Após quimioterapia neoadjuvante, a BLS é viável e pode ter desempenho aceitável para tumores cN0 e cN1, embora dados prospectivos de sobrevida ainda sejam aguardados”, concluem os autores.