O estudo de fase 2b LUX-Lung 7 apresentou os resultados da comparação head to head, avaliando afatinibe versus gefitinibe na primeira linha de tratamento de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células com mutação EGFR. Os dados foram publicados no Lancet Onology, em artigo de Keunchil Park e colegas. “Tenho minhas dúvidas se o afatinibe se tornará a escolha para a maioria dos oncologistas ao redor do mundo”, afirmou o oncologista Gilberto Lopes (foto), diretor médico e científico do Grupo Oncoclínicas.
Segundo Lopes, as críticas frequentes incluem a maior toxicidade e o maior custo com afatinibe, o fato do LUX-Lung 7 ser um estudo de fase 2, e não 3, e a ausência de diferenças em sobrevida global até agora. “Além disso, quando analisamos as curvas de sobrevida livre de progressão, elas se se separam somente após a mediana, depois dos 11 meses. Minha interpretação, quando colocamos o estudo LUX-Lung em perspectiva, é que fica a impressão de que o tratamento sequencial com gefitinibe seguido de afatinibe na progressão poderia ter resultados semelhantes”, explica.
O especialista acrescenta que estudos com TKIs de terceira geração também estão comparando sua atividade em primeira linha com inibidores de primeira geração. “Os estudos iniciais são muito promissores. Um estudo apresentado no ELCC em Genebra, em abril de 2016, mostrou mediana de sobrevida livre de progressão de 19,3 meses para osimertinibe, por exemplo”, conclui.
O estudo
O estudo de fase 2b envolveu 64 centros, em 13 países, e selecionou 319 pacientes com estadio IIIB ou IV, EGFR mutados (deleção do exon 19 ou Leu858Arg), sem tratamento prévio. Os desfechos avaliados foram sobrevida livre de progressão, tempo até falha do tratamento e sobrevida global.
Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber afatinib (n= 160; 40 mg/dia) ou gefitinib (n= 159; 250 mg/dia), até progressão da doença.
Depois de um seguimento médio de 27,3 meses, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 11 meses com afatinib versus 10, 9 meses com gefitinib [HR] 0, 73 [ IC 95% 0, 57-0, 95], p = 0, 017). O tempo mediano até falha no tratamento também favoreceu o braço tratado com afatinib (13, 7 meses vs 11, 5 meses; HR 0, 73 [95% CI 0, 58-0, 92], p = 0 · 0073). Os dados de sobrevida global ainda não estão maduros.
Os eventos adversos 3-4 mais comuns relacionados ao tratamento foram diarréia (13% no braço tratado com afatinib vs 1% entre os que receberam gefitinib); rash cutâneo ou acne (9% com afatinib vs 3% com gefitinib), assim como o aumento das enzimas hepáticas foi observado em 9% dos pacientes que receberam gefitinib. Eventos graves relacionados com o tratamento ocorreram em 11% dos pacientes no grupo afatinib e 4% no grupo de gefitinib. Eventos adversos fatais ocorreram em 9% no grupo afatinib e 6% no grupo de gefitinib.
Para os autores, os dados são potencialmente importantes para a tomada de decisão clínica em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células EGFR mutados (ClinicalTrials.gov, CT01466660).
O estudo foi financiado pela Boehringer Ingelheim
Referência: Afatinib versus gefitinib as first-line treatment of patients withEGFR mutation-positive non-small-cell lung cancer (LUX-Lung 7): a phase 2B, open-label, randomised controlled trial - Keunchil Park, et al - Published Online: 12 April 2016 / DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30033-X