Pesquisadores da Universidade de Linköping desenvolveram um modelo preditivo para estimar o risco individual de sintomas persistentes de neuropatia periférica induzida por taxanos em sobreviventes com câncer de mama estágio inicial. “A ferramenta pode ajudar a adaptar o tratamento e evitar ou diminuir a neuropatia periférica persistente nos indivíduos com maior risco”, afirmaram os autores em artigo no npj precision oncology.
No estudo, foram avaliados os eventos adversos em pacientes com câncer de mama tratados docetaxel ou paclitaxel, os dois medicamentos taxanos mais comuns, tratados no período de dois a seis anos. Os pesquisadores solicitaram a 337 pacientes que descrevessem a gravidade da sua neuropatia periférica. O evento adverso mais comum foram cãibras nos pés, que aconteceram em mais de um a cada quatro pacientes. Outros efeitos colaterais incluíram dificuldade para abrir potes, dormência nos pés, formigamento nos pés e dificuldade para subir escadas.
Os investigadores sequenciaram os genes dos pacientes e depois construíram modelos que relacionam as características genéticas a vários efeitos secundários do tratamento com taxano. Os pesquisadores conseguiram modelar o risco de dormência persistente e formigamento nos pés.
Os pesquisadores realizaram o sequenciamento do exoma completo de todos os 337 pacientes com câncer de mama estágio inicial, e dois dos cinco modelos preditivos para sintomas individuais de neuropatia periférica obtiveram resultados de área sob a curva acima de 60% quando validados.
Usando o modelo de dormência nos pés (35 variantes de nucleotídeo único - SNVs) na coorte de teste, 73% dos sobreviventes foram previstos corretamente. Para formigamento nos pés (55 SNVs), 70% foram previstos corretamente. Ambos os modelos incluíram SNVs dos genes ADAMTS20, APT6V0A2, CCDC88C, CYP2C8, EPHA5, NR1H3, PSKH2/APTV0D2 e SCN10A.
Para cãibras nos pés, dificuldade para subir escadas e dificuldade para abrir um pote a validação não teve sucesso.
“Esta é a primeira vez que foi desenvolvido um modelo de previsão que pode prever o risco de neuropatia periférica decorrente do tratamento com taxanos. As mulheres que foram tratadas com taxanos após cirurgia de câncer de mama constituem um grupo muito grande nos cuidados de saúde em todo o mundo, o que torna este um problema de saúde importante e clinicamente relevante”, afirmaram os autores.
“Esta pode ser uma ferramenta para individualizar o tratamento não apenas para analisar os benefícios, mas também para analisar os riscos para cada paciente individual. Precisamos nos concentrar mais no risco de complicações e efeitos colaterais que afetam os pacientes muito depois do tratamento”, concluíram.
O estudo foi financiado pela Swedish Cancer Society, ALF funding, Medical Research Council of Southeast Sweden (FORSS), e Futurum in Region Jönköping, entre outros.
Referência:
Engvall, K., Uvdal, H., Björn, N. et al. Prediction models of persistent taxane-induced peripheral neuropathy among breast cancer survivors using whole-exome sequencing. npj Precis. Onc. 8, 102 (2024). https://doi.org/10.1038/s41698-024-00594-x