Estudo coreano publicado no Annals of Internal Medicine fornece uma ferramenta valiosa para prever e estratificar o risco de carcinoma hepatocelular em pacientes não cirróticos com hepatite crônica que não são atualmente indicados para tratamento antiviral.
Uma associação não linear entre os níveis séricos de DNA do vírus da hepatite B (VHB) e o risco de carcinoma hepatocelular (CHC) foi sugerida em pacientes com hepatite B crônica (CHB). Neste estudo, o objetivo foi desenvolver e validar externamente um modelo prognóstico para risco de CHC em pacientes adultos não cirróticos com CHB sem elevação significativa da alanina aminotransferase (ALT).
Como população de estudo e de validação, os pesquisadores consideraram uma coorte baseada na comunidade de Taiwan (REVEAL-HBV [Avaliação de Risco de Elevação de Carga Viral e Doença Hepática Associada/Câncer-Vírus da Hepatite B]; coorte modelo REACH-B [Estimativa de Risco para HCC em CHB]) e 8 coortes baseadas em hospitais da Coreia e Hong Kong (GAG-HCC [Guia com Idade, Gênero, DNA do VHB-CHC] e coortes CU-HCC [Universidade Chinesa-HCC]).
O desenvolvimento do modelo compreendeu 6.949 pacientes com CHB de uma coorte de um hospital coreano, enquanto a validação externa considerou 7.429 pacientes com CHB combinados da coorte taiwanesa e 7 coortes da Coreia e Hong Kong.
Ao longo de um seguimento mediano de 10,0 e 12,2 anos, as coortes de derivação e validação identificaram 435 e 467 casos de CHC, respectivamente. O nível basal de DNA do VHB foi um dos preditores mais fortes do desenvolvimento de CHC, demonstrando uma associação não linear em ambas as coortes, com cargas virais moderadas (em torno de 6 log10 UI/mL) mostrando o maior risco de CHC. Os autores descrevem que preditores adicionais incluídos no novo modelo (REACH-B revisado) foram idade, sexo, contagem de plaquetas, níveis de ALT e resultado positivo do antígeno e da hepatite B.
Os resultados mostram que o modelo exibiu discriminação e calibração satisfatórias, com estatísticas c de 0,844 e 0,813 nas coortes de derivação e validação com imputação múltipla, respectivamente. O modelo produziu um benefício líquido positivo maior em comparação com outras estratégias no limite de 0% a 18%.
“Nosso novo modelo prognóstico, baseado na associação não linear entre cargas virais de VHB e risco de CHC, fornece uma ferramenta valiosa para prever e estratificar o risco de CHC em pacientes não cirróticos com CHB que não são atualmente indicados para tratamento antiviral”, concluem os autores.
Referência:
Gi-Ae Kim, Young-Suk Lim, Seungbong Han, et al. Viral Load–Based Prediction of Hepatocellular Carcinoma Risk in Noncirrhotic Patients With Chronic Hepatitis B: A Multinational Study for the Development and External Validation of a New Prognostic Model. Ann Intern Med. [Epub 17 September 2024]. DOI:10.7326/M24-0384