Thiago Camelo Mourão (foto), uro-oncologista do A.C.Camargo Cancer Center, é primeiro autor de estudo que buscou analisar a evolução das taxas de mortalidade por câncer de pênis e as modalidades de tratamento adotadas no Brasil nos últimos anos. Os resultados foram publicados no JCO Global Oncology.
Para o estudo, os pesquisadores extraíram do DATASUS os registros de óbitos dos casos de câncer de pênis (Classificação Internacional de Doenças, versão 10 C60) e modalidades de tratamento. Uma análise de regressão joinpoint foi conduzida para examinar os dados.
Resultados
Um total de 7.848 mortes por câncer de pênis foram registradas no Brasil entre 1996 e 2020. Foram observadas tendências crescentes de mortalidade, com uma variação percentual média anual (AAPC) de 0,91 (0,6-1,2; P < 0,001). As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores taxas de mortalidade padronizadas por idade (ASMR) e AAPCs. De 2008 a 2020, a mortalidade padronizada por idade na região Nordeste manteve-se estável, enquanto a região Norte a superou. A região Sudeste apresentou tendência significativa de queda, com variação percentual média anual de –0,91 (–1,3 a -0,5; P < 0,001).
U"m achado interessante que chamou a atenção é que o número de biópsias penianas diminuiu e foram mais frequentes na região Sudeste. Este é um procedimento básico e essencial ao diagnóstico, que talvez tenhamos que dar uma atenção, inclusive às equipes de unidades básicas de saúde. Foram realizadas 8.498 amputações penianas, sendo 39,4% e 29,1% realizadas nas regiões Sudeste e Nordeste, respectivamente", observaram os autores.
Outros dados que foram possíveis obter no estudo é que a baixa escolaridade, homens casados e jovens das regiões Norte ou Nordeste representam a maioria dos óbitos. "Esse perfil de baixa escolaridade já era indicado como fator de risco para o desenvolvimento da doença e, em nosso estudo, foi possível demonstrar que isso também tem influência nas taxas de mortalidade. São necessários esforços urgentes para melhorar o diagnóstico e tratamento do câncer de pênis para prevenir e reduzir as taxas de mortalidade no país”, concluíram.
Referência: Thiago Camelo Mourão et al., Penile Cancer Mortality in Brazil: Are We Making Progress?. JCO Glob Oncol 10, e2300303(2024). DOI:10.1200/GO.23.00303
