Rodrigo Cavagna (foto) é primeiro autor de estudo realizado no Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor) com o objetivo de avaliar a frequência de mutações KRAS p.Gly12Cys em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) atendidos na instituição. Os resultados foram publicados 6 de maio no JCO Global Oncology.
Nesta análise retrospectiva foram considerados 844 pacientes com diagnóstico de CPNPC e o status mutacional de KRAS foi avaliado em amostras de tecido embebido em parafina (FFPE), usando diferentes metodologias Os casos identificados de 2014 a 2017 (n = 319) foram genotipados por reação em cadeia de polimerase seguida por sequenciamento de Sanger, enquanto os casos identificados de 2018 a 2020 (n = 435) foram genotipados por sequenciamento de próxima geração usando o TruSight Tumor 15 (Illumina Waltham), sendo 90 das amostras analisadas pelo Laboratório Bacchi usando discriminação alélica (n = 67) e o painel FoundationOne (n = 23).
Alguns dos principais achados relacionados ao perfil sociodemográfico e status mutacional dos pacientes são descritos abaixo (Tabela 1) e revelam que a idade média dessa coorte foi de 64 anos, 55,4% (n = 468 de 844) homens, 88,2% (n = 744 de 844) com adenocarcinoma e 2,2% (n = 19 de 844) com carcinoma de células escamosas. Em relação ao consumo de tabaco, os autores descrevem que 63,5% (n = 536 de 844) eram fumantes atuais e 65,3% ex-fumantes, (n = 552 de 754). Dessa população, 9,7% (n = 82 de 844) foram diagnosticados com pior status de desempenho (ECOG).
A mutação KRAS foi identificada em 214 casos (25,3%). Entre os diagnósticos de adenocarcinoma, 26,2% (n = 195 de 744) apresentaram mutação KRAS, sendo a p.Gly12Cys a mutação mais frequente, identificada em 9,4% (n = 70 de 744), seguido por p.Gly12Val em 6,2% (n = 46 de 744). Entre os carcinomas de células escamosas, 5,3% (n = 1 em 19) tiveram mutação KRAS p.Gly12Asp. Em relação a outras histologias, 22,2% (n = 18 de 81) foram KRAS mutados, com p.Gly12Cys sendo a mutação mais frequente, identificada em 7,4% .
Cavagna et al. mostram que na amostra analisada a presença de mutações KRAS foi associada ao tabagismo (atual ou passado) e a pior sobrevida global, com dados condizentes com a literatura disponível. “Concluindo, mostramos que aproximadamente 10% dos pacientes da amostra analisada abrigam a variante KRAS p.Gly12Cys e são, portanto, potencialmente responsivos aos novos agentes anti-KRAS”.
Referência: Rodrigo Cavagna et al. Frequency of KRAS p.Gly12Cys Mutation in Brazilian Patients With Lung Cancer. DOI https://doi.org/10.1200/GO.20.00615.