O oncologista Cristiano de Souza Pádua (foto), do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital do Amor), é primeiro autor do estudo NACATRINE, que avalia se a adição de carboplatina à quimioterapia neoadjuvante está associada a um aumento nas taxas de resposta patológica completa em pacientes com câncer de mama triplo-negativo. Os resultados foram publicados no periódico Breast Cancer Research and Treatment.
“A quimioterapia neoadjuvante (NACT) é a base do tratamento do câncer de mama triplo negativo (TNBC) estágios II e III”, esclarecem os autores.
NACATRINE é um ensaio clínico randomizado, aberto, de fase II, realizado em um único centro no Brasil. As pacientes com câncer de mama triplo-negativo estágios II e III foram randomizadas para receber NACT padrão com ou sem carboplatina. Todas as pacientes receberam doxorrubicina (60 mg/m2) mais ciclofosfamida (600 mg/m2) ambos por via intravenosa (i.v.) a cada 21 dias por quatro ciclos.
As pacientes foram então randomizadas para tratamento adicional com paclitaxel semanal (80 mg/m2 i.v., por 12 ciclos) mais carboplatina AUC 1,5 (braço experimental) ou sem carboplatina (braço controle). A randomização foi estratificada de acordo com o status gBRCA, idade e estágio clínico (II vs. III, 8ª edição do AJCC). O endpoint primário foi a taxa de resposta patológica completa (pCR). Endpoints secundários incluíram sobrevida livre de recorrência e sobrevida global.
Resultados
Entre 2017 e 2021, 146 pacientes foram randomizadas, 73 em cada braço. A mediana de idade foi de 45 anos. A maioria dos pacientes (66,4%) tinha doença estágio III localmente avançada, 67,1% tinham tumores T3/T4 e 56,2% tinham linfonodos axilares clinicamente positivos. O estado BRCA germinativo estava disponível para todas as pacientes, e 19,9% tinham variantes BRCA1/2 patogênicas. A taxa de pCR (ypT0ypN0) aumentou numericamente em 13,7%, sendo 43,8% (31 de 73 pacientes) no braço experimental e 30,1% (22 de 73 pacientes) no braço controle, não atingindo a meta pré-especificada de aumentar a pCR em 15% (p-valor = 0,08). Os resultados de sobrevida ainda estão imaturos.
“A adição de carboplatina à quimioterapia padrão no câncer de mama triplo-negativo estágios II e III foi associada a um aumento numérico não estatisticamente significativo na taxa de resposta patológica completa. O acompanhamento dos resultados de sobrevida e as iniciativas de pesquisa translacional estão em andamento”, concluíram os autores.
Referência: de Pádua Souza, C., Carneiro, A.S.B., de Oliveira Lessa, A.C. et al. Neoadjuvant carboplatin in triple-negative breast cancer: results from NACATRINE, a randomized phase II clinical trial. Breast Cancer Res Treat (2023). https://doi.org/10.1007/s10549-023-07011-0