Pesquisadores da Cleveland Clinic publicaram novos achados que ajudam a compreender a disbiose bacteriana relacionada ao câncer colorretal de início precoce (yoCRC), em pessoas com menos de 50 anos. “Nosso estudo fornece uma compreensão abrangente das perturbações microbianas nos tumores yoCRC. Identificamos candidatos microbianos que podem destacar uma patogênese distinta do yoCRC e servir como alvos preventivos, diagnósticos e terapêuticos”, destacam os autores, em artigo na eBioMedicine.
O aumento inexplicável do CCR de início precoce (<50 anos de idade) é preocupante. Neste estudo, os pesquisadores realizaram sequenciamento do amplicon 16S rRNA em amostras de tumor e amostras de tecido adjacente congelado fresco, coletadas prospectivamente de 136 pacientes com yoCRC e 140 pacientes com a doença após os 60 anos (aoCRC). Phyloseq, microbiomeSeq, metagenomeSeq e NetComi foram utilizados para análise de bioinformática. Os testes estatísticos incluíram teste exato de Fisher, ANOVA, PERMANOVA com correção de Bonferroni, regressão linear e teste de Wilcoxon. Valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
Os resultados revelam que pacientes com yoCRC foram mais propensos a ter tumores do lado esquerdo (72,8 vs. 54,3%), câncer retal (36,7% vs. 25%) e doença estágio IV (28% vs. 15%). Os tumores yoCRC apresentaram diversidade alfa microbiana significativamente maior (p = 1,5 × 10-5) e diversidade beta variada (R2 = 0,31, p = 0,013) comparados a tumores aoCRC. Os tumores yoCRC foram enriquecidos com Akkermansia e Bacteroides, enquanto os tumores aoCRC apresentaram maior abundância relativa de Bacillus, Staphylococcus, Listeria, Enterococcus, Pseudomonas, Fusobacterium e Escherichia/Shigella. Akkermansia teve uma correlação predominantemente negativa com as comunidades microbianas em tumores yoCRC. Os tumores yoCRC e aoCRC tinham perfis microbianos distintos associados à localização do tumor, lateralidade, estágio e presença de obesidade. A abundância de Fusobacterium (R2 = −0,23, p = 0,001) e Akkermansia (R2 = 0,05, p = 0,001) correlacionou-se com sobrevida global no yoCRC.
“O aumento inexplicável do câncer colorretal de início precoce desperta grande preocupação”, disse Alok Khorana, oncologista da Cleveland Clinic e investigador principal do estudo. “Nossa equipe descobriu que as bactérias foram mais abundantes e com composição distinta em tumores de pacientes jovens”, destacou. “Ao detalhar esta assinatura microbiana da doença de início precoce, podemos buscar novos biomarcadores de triagem e medicamentos direcionados a bactérias relacionadas”, acrescentou.
De acordo com a American Cancer Society, a incidência e a mortalidade do câncer colorretal em adultos jovens abaixo de 50 anos têm aumentado 1,5% e 1,2% ao ano, respectivamente. Se esta tendência continuar, relatório do Journal of the National Cancer Institute estima que a incidência do câncer de cólon vai duplicar e a do câncer retal deve quadruplicar nesta faixa etária até 2030.
Referência: https://doi.org/10.1016/j.ebiom.2024.104980