Estudo publicado no periódico Integrative Cancer Therapies explora as barreiras e facilitadores para uma nutrição saudável entre mulheres sobreviventes de câncer com desafios de fertilidade, com a proposta de colaborar no desenvolvimento de intervenções dietéticas para esta população.
“Um diagnóstico de câncer pode aumentar o risco de infertilidade em mulheres jovens. Embora tenha sido descoberto que consumir uma dieta saudável – incluindo grãos integrais, frutas, vegetais e ácidos graxos saudáveis – melhora a fertilidade e a sobrevida ao câncer, mais de 90% dos jovens adultos sobreviventes do câncer não atendem às recomendações dietéticas e seguem dietas que consistem em alto teor de gordura e baixo consumo de frutas e vegetais”, observam os autores.
Utilizando um desenho de pesquisa formativa, foram coletados dados de entrevistas, pesquisas e ingestão alimentar de 20 mulheres sobreviventes de câncer em idade reprodutiva. Discussões de grupos focais de verificação dos participantes foram conduzidas para validar os resultados. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas literalmente. As transcrições foram codificadas e analisadas utilizando uma abordagem de análise temática. Os dados quantitativos foram analisados por meio de médias, desvios padrão, intervalos, frequências e porcentagens.
Resultados
A idade média das entrevistadas foi de 31,47 ± 3,5 anos e o IMC médio foi de 24,78 ± 4,1 kg/m2. Todas as participantes tinham formação universitária, 45% foram identificadas como brancas, 50% como negras e 10% como hispânicas ou latinas. Os diagnósticos de câncer incluíram câncer de mama, tireoide, ovário, leucemia e gastrointestinal.
No geral, as mulheres no estudo relataram uma dieta de baixa qualidade, com quatro barreiras principais para uma dieta saudável: Desafios do equilíbrio entre vida pessoal e profissional; Fadiga relacionada ao tratamento; As orientações dietéticas, se fornecidas, eram muito rígidas para serem seguidas; e Falta de recursos nutricionais e orientação mínima adaptada às suas necessidades específicas durante o tratamento e ao longo da vida pós-tratamento.
Apesar destas barreiras, a equipe de investigação identificou vários facilitadores para uma alimentação saudável, especialmente entre os participantes com dietas de maior qualidade. Estas incluíram a construção de confiança entre os pacientes e o seu prestador de cuidados de saúde, a identificação de uma elevada motivação para melhorar os comportamentos relacionados com a nutrição e o reconhecimento dos benefícios adicionais da nutrição e de uma dieta saudável.
Os pesquisadores observam que não é possível generalizar as descobertas, e pesquisas futuras devem continuar a investigar e explorar as necessidades únicas relacionadas à nutrição e ao bem-estar das jovens sobreviventes do câncer, com diversas origens raciais e étnicas, educacionais e socioeconômicas e em diferentes tipos de câncer e tratamentos.
“Os programas e intervenções nutricionais para mulheres sobreviventes do câncer devem utilizar estratégias e ferramentas baseadas em evidências, como entrevistas motivacionais, automonitorização e apoio social. As intervenções personalizadas devem acomodar os horários de trabalho das mulheres para melhorar a adesão, e os recursos de educação culinária podem ajudar a melhorar a confiança das sobreviventes na cozinha, a motivação e a gestão da fadiga”, concluem.
Referência: Klobodu C, Deutsch J, Vitolins MZ, et al. Optimizing Fertility Treatment With Nutrition Guidance: Exploring Barriers and Facilitators to Healthful Nutrition Among Female Cancer Survivors With Fertility Challenges. Integrative Cancer Therapies. 2023;22. doi:10.1177/15347354231191984
