Estudo de coorte retrospectivo demonstrou que pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas com mutação EGFR que progridem ao tratamento com osimertinibe podem se beneficiar da continuação de osimertinibe e quimioterapia com platina-pemetrexede. “A continuação do osimertinibe com a próxima linha de quimioterapia com pemetrexede e platina parece reduzir o risco de progressão do sistema nervoso central”, observaram os autores em artigo no Lung Cancer Journal.
Neste estudo de coorte retrospectivo, multicêntrico e internacional, foram incluídos 159 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) EGRF-mutado que progrediram a osimertinibe e receberam terapia com platina-pemetrexede na progressão entre 2013 e 2023. O corte de dados foi 31 de dezembro de 2023. A análise de dados foi conduzida entre janeiro e junho de 2024.
Os desfechos primários foram sobrevida livre de progressão e sobrevida global, analisados usando métodos de Kaplan-Meier, e foi realizado ajuste de regressão multivariável de Cox para fatores específicos do paciente e do câncer.
Resultados
Foram identificados 421 pacientes com CPCNP EGFR-mutado com progressão em osimertinibe. 159 pacientes que atenderam aos critérios de inclusão pré-especificados foram divididos em dois grupos: a coorte 1 (osimertinibe + platina-pemetrexede) incluiu 50 pacientes (idade mediana [IQR], 59 [30 – 83] anos; 36 [72,0%] mulheres; 11 [22,4%] asiáticos); e a coorte 2 (platina-pemetrexede sozinho) incluiu 109 pacientes (idade mediana [IQR], 54 [25 – 80] anos; 62 [56,9%] mulheres; 74 [64,9%] asiáticos).
A maioria dos pacientes nunca foi fumante (Coorte 1, 37 [74,0%]; Coorte 2, 66 [60,6%]). Um terço dos pacientes tinha metástases cerebrais basais (Coorte 1, 19 [38,0%]; Coorte 2, 36 [38,3%]). Ambas as coortes tinham uma mediana de duas linhas anteriores de terapia anticâncer.
A adição de bevacizumabe ou inibidores de checkpoint imune (ICI) à quimioterapia de próxima linha com platina-pemetrexede foi mais comum na Coorte 2 (uso de bevacizumabe, 30,3% vs 8,0%, p = 0,002; uso de ICI, 33,0% vs 2,0%, p = 0,001).
Com uma duração mediana de acompanhamento de 30 meses, houve um benefício significativo de sobrevida livre de progressão em continuar com osimertinibe com quimioterapia pemetrexede-platina (9,0 vs 4,5 meses; HR 0,49, IC de 95% 0,32 – 0,74, p=0,0032), também observado em análises de subgrupos de pacientes que receberam osimertinibe de primeira linha (n=55, 11,0 vs 6,2 meses; HR 0,41, IC de 95% 0,25 – 0,73, p=0,002).
Entre os pacientes com CPCNP EGFR-mutado sem metástases cerebrais após progressão com osimertinibe, os pesquisadores observaram que continuar com osimertinibe com pemetrexede-platina reduziu significativamente o tempo médio para progressão do sistema nervoso central (n=38; 7,0 vs 4,1 meses; HR 0,47, IC de 95% 0,48 – 0,98, p=0,01). Após análise ajustada, não houve diferença significativa de sobrevida global entre as Coortes 1 e 2 (19 meses vs 13 meses; HR 0,92, IC de 95% 0,60 – 1,39, p=0,68).
Em síntese, para pacientes com CPCNP com mutação de EGFR que progridem com osimertinibe, há um benefício significativo de sobrevida livre de progressão, mas não de sobrevida global, em continuar com osimertinibe com quimioterapia de próxima linha com pemetrexede e platina. “A continuação de osimertinibe com a próxima linha de quimioterapia com pemetrexede-platina parece reduzir o risco de progressão do sistema nervoso central”, ressaltaram os pesquisadores.
Referência:
The efficacy of continuing osimertinib with platinum pemetrexed chemotherapy upon progression in patients with metastatic non-small cell lung cancer harboring sensitizing EGFR mutations. Patil, Tejas et al. Lung Cancer, Volume 0, Issue 0, 108040