A hepatectomia é o pilar do tratamento para várias doenças hepáticas, como carcinoma hepatocelular, câncer hepático metastático e tumores hepáticos benignos. No entanto, esta cirurgia está associada a um risco de insuficiência hepática pós-hepatectomia, uma complicação que pode ocasionar a disfunção de múltiplos órgãos e levar à morte. Estudo que investigou a taxa de retenção segura de indocianina verde no limiar de 15 minutos (ICG-R15) para hepatectomia mostra que o ICG-R15 é um preditor confiável de insuficiência hepática, indicando que o manejo nutricional no ICG-R15 baseado na teoria de Omaha melhora os resultados dos pacientes e a qualidade de vida.
A hepatectomia envolve a ressecção de mais de três segmentos hepáticos e é frequentemente necessária para pacientes com tumores hepáticos grandes ou múltiplos, assim como tem indicação em tumores localizados na região central ou hilar do fígado. No entanto, a cirurgia apresenta um risco maior de insuficiência hepática pós-hepatectomia e prognósticos ruins.
Neste estudo relatado na Nutrition and Cancer, Gao et al. lembram que a taxa de retenção de verde de indocianina (ICG) em 15 min (ICG-R15) é um indicador amplamente utilizado da função hepática e um preditor de insuficiência hepática e de prognósticos após hepatectomia. Os autores esclarecem que o verde de indocianina é um corante solúvel em água que é exclusivamente eliminado pelo fígado por meio da excreção biliar, e sua taxa de retenção reflete o fluxo sanguíneo hepático, a função dos hepatócitos e a drenagem biliar.
A pesquisa avaliou a taxa de retenção segura de ICG-R15 para hepatectomia e o efeito do manejo nutricional no ICG-R15 e na insuficiência hepática pós-hepatectomia (IHPH). O valor de ICG-R15 pode ser facilmente medido por um densitômetro de pulso de corante, que registra a concentração de ICG no sangue por uma sonda digital.
A base de análise considerou uma coorte de 70 pacientes com doença hepática crônica submetidos à hepatectomia, divididos em grupos de cuidados de rotina e de intervenção nutricional baseada na teoria de Omaha. O ICG-R15 foi medido pré e pós-operatório, juntamente com a ocorrência de IHPH e outras métricas de saúde.
Os resultados mostram que o grupo de intervenção apresentou uma incidência significativamente menor de IHPH (15,8% vs 41,2%, p = 0,009) e IHPH clinicamente relevante (5,3% vs 19,6%, p = 0,031), assim como estadias hospitalares mais curtas (11,3 ± 6,4 dias vs 21,5 ± 15,5 dias, p = 0,012) e menos complicações (26,3% vs 47,1%, p = 0,020). O limite ideal do ICG-R15 para prever IHPH foi de 4,5%, com 8,5% sendo crítico.
Em síntese, Gao e colegas concluem que o ICG-R15 é um preditor confiável de insuficiência hepática pós-hepatectomia, com 4,5% sendo seguro e 8,5% crítico. O gerenciamento nutricional baseado na teoria de Omaha melhora os resultados e a qualidade de vida, destacam os autores, indicando a necessidade de mais estudos para validação.
Referência:
Gao, J., Lu, Z., Liang, W., Zhang, J., Qin, S., Huang, J., … Xiang, B. (2024). Safe Threshold Rate of Indocyanine Green Retention and Intervention of Nutrition Management After Hepatectomy. Nutrition and Cancer, 1–8. https://doi.org/10.1080/01635581.2024.2431348