Anne S. Tsao, importante autoridade da oncologia torácica mundial, levantou dúvidas sobre a indicação do anti PD-1 pembrolizumabe para um amplo espectro de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células metastático (CPNPC). “Pembrolizumabe melhorou a sobrevida global versus quimioterapia, mas apenas em pacientes com escore de proporção tumoral (TPS) ≥ 50%. No entanto, o FDA surpreendentemente expandiu a indicação de pembrolizumabe na primeira linha para incluir todos os pacientes com TPS ≥1%”, escreveu Tsao, em artigo publicado na NEJM Journal Watch.
Para Tsao, professora do Departamento de Oncologia Torácica da Universidade do Texas e diretora do programa de mesotelioma e quimiorradioterapia torácica do MD Anderson Cancer Center, o benefício da imunoterapia na primeira linha do CPNPC foi demonstrado no estudo KEYNOTE-024 em pacientes com tumores com alta expressão de PD-L1. “Agora, os pesquisadores conduziram um estudo de fase III, financiado pela indústria (KEYNOTE- 042), para determinar se resultados comparáveis poderiam ser obtidos em pacientes com TPS PD-L1 ≥1%”, prosseguiu a especialista.
Mas parece que os resultados não convenceram. No KEYNOTE- 042 um total de 1274 pacientes com CPNPC sem tratamento prévio recebeu pembrolizumabe por até 35 ciclos ou quimioterapia (carboplatina-paclitaxel ou carboplatina-pemetrexede) durante um período máximo de 6 ciclos. O desfecho primário foi a sobrevida global (SG) em pacientes com TPS de PD-L1 ≥50%, ≥20% e ≥1%. “A média de SG foi significativamente melhorada com pembrolizumabe versus quimioterapia em pacientes com TPS ≥50% (20,2 vs. 12,2 meses; P = 0,0003), TPS ≥20% (17,7 vs. 13,0 meses; P = 0,002), e TPS ≥1% (16,7 versus 12,1 meses; P = 0,0018). No entanto, uma análise exploratória não mostrou nenhum benefício com pembrolizumabe versus quimioterapia para pacientes com TPS de 1% a 49% (13,4 e 12,1 meses, respectivamente)”, afirmou.
A especialista entende que os resultados do KEYNOTE-042 não devem alterar significativamente a prática atual, considerando que o benefício de SG foi impulsionado por pacientes com TPS de PD-L1 ≥50%. “Com base nesses achados, não é aconselhável administrar pembrolizumabe como monoterapia de primeira linha para pacientes com PD-L1 TPS 1% a 49%”, recomendou.
Referências: Mok TSK et al. Pembrolizumab versus chemotherapy for previously untreated, PD-L1-expressing, locally advanced or metastatic non–small-cell lung cancer (KEYNOTE-042): A randomised, open-label, controlled, phase 3 trial. Lancet 2019 Apr 4; [e-pub]. (https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32409-7)
Smit EF and de Langen AJ. Pembrolizumab for all PD-L1-positive NSCLC. Lancet 2019 Apr 4; [e-pub]. (https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32559-5)