Onconews - Pesquisa analisa efeitos da prevalência do tabagismo e expectativa de vida de 2022 a 2050

Fumar é o principal fator de risco comportamental para mortalidade, responsável globalmente por mais de 175 milhões de mortes e quase 4,30 bilhões de anos de vida perdidos de 1990 a 2021. Pesquisa que estimou os anos de vida perdidos em três diferentes cenários de prevalência do tabagismo de 2022 a 2050 reforça a importância de implementar novas políticas de controle do tabaco para evitar uma carga adicional de mortalidade associada ao tabagismo nas próximas décadas.

Nesta análise, os autores destacam que o ritmo de declínio na prevalência do tabagismo diminuiu nos últimos anos para muitos países e, embora estratégias tenham sido propostas recentemente para atingir gerações sem tabaco, nenhuma foi implementada até o momento.

Para avaliar os anos de vida perdidos estimando três diferentes cenários de prevalência do tabagismo até 2050, os pesquisadores usaram a plataforma Future Health Scenarios do Institute for Health Metrics and Evaluation. Os pesquisadores explicam que o cenário de referência prevê o que poderia ocorrer se a prevalência passada do tabagismo e outras tendências de fatores de risco continuassem; o cenário Eliminação do Tabagismo a partir de 2023 (Eliminação-2023) quantifica os benefícios potenciais máximos para a saúde futura ao assumir zero por cento de prevalência do tabagismo a partir de 2023, enquanto o cenário Eliminação do Tabagismo até 2050 (Eliminação-2050) fornece estimativas para países que consideram políticas para reduzir gradualmente a prevalência do tabagismo para 5%.  “Juntos, esses cenários ressaltam a magnitude dos benefícios para a saúde que poderiam ser alcançados até 2050 se os países tomassem medidas decisivas para eliminar o tabagismo”, destacam.

A análise relatada no Lancet Public Health revela que a prevalência global de tabagismo padronizada por idade foi estimada em 28,5% (95% UI 27,9–29,1) entre homens e em 5,96% (5,76–6,21) entre mulheres em 2022. Os resultados de Bryazca et al. mostram que, no cenário de referência, a prevalência do tabagismo diminuiu em 25,9% (25,2–26,6) entre homens e 30,0% (26,1–32,1) entre mulheres de 2022 a 2050. “Nesse cenário, prevemos um total acumulado de 29,3 bilhões (95% UI 26,8–32,4) de anos de vida perdidos (YLLs) entre homens e 22,2 bilhões (20,1–24,6) de YLLs entre mulheres durante esse período. A expectativa de vida ao nascer sob este cenário aumentaria de 73,6 anos (95% UI 72,8–74,4) em 2022 para 78,3 anos (75,9–80,3) em 2050. Sob o cenário Eliminação-2023, prevemos 2,04 bilhões (95% UI 1,90–2,21) a menos de YLLs cumulativos até 2050 em comparação com o cenário de referência, e a expectativa de vida ao nascer aumentaria para 77,6 anos (95% UI 75,1–79,6) entre os homens e para 81,0 anos (78,5–83,1) entre as mulheres. No cenário Eliminação-2050, prevemos que 735 milhões (675–808) e 141 milhões (131–154) de YLLs cumulativos seriam evitados entre homens e mulheres, respectivamente. A expectativa de vida em 2050 aumentaria para 77,1 anos (95% UI 74,6–79,0) entre homens e para 80,8 anos (78,3–82,9) entre mulheres”.

Os autores sublinham que as políticas de tabaco existentes devem ser mantidas para que a prevalência do tabagismo continue a diminuir conforme previsto pelo cenário de referência. Além disso, destacam que uma carga substancial de mortes pode ser evitada acelerando o ritmo de eliminação do tabagismo. “A implementação de novas políticas de controle do tabaco é fundamental para evitar uma carga adicional atribuível ao tabagismo nas próximas décadas e garantir que os ganhos obtidos nas últimas três décadas não sejam perdidos”, concluem os autores.

A integra do artigo de Bryazca et al. está disponível em acesso aberto.

Referência:

Forecasting the effects of smoking prevalence scenarios on years of life lost and life expectancy from 2022 to 2050: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2021; Bryazka, Dana et al. The Lancet Public Health, Volume 9, Issue 10, e729 - e744