A biópsia do linfonodo sentinela é a técnica consagrada no estadiamento axilar em pacientes com câncer de mama inicial sem comprometimento clínico axilar. O médico mastologista Rafael da Silva Sá (foto) é o principal investigador de pesquisa pioneira no uso do verde indocianina (ICV) associado à fluorescência para detecção do linfonodo sentinela em pacientes com câncer de mama no Brasil, com resultados que devem impactar a prática médica.
Três técnicas são utilizadas globalmente para detecção do linfonodo sentinela: o azul patente; o radiofármaco tecnécio 99 com uso do gamma probe e a combinação dessas duas técnicas. “O objetivo de estudar um novo método foi fornecer dados reais para que centros oncológicos que não dispõem de serviço de medicina nuclear possam, no futuro, ter acesso a uma outra opção além do consagrado azul patente, ainda utilizado na maioria dos hospitais, principalmente entre usuários do Sistema Único de Saúde”, descreve o pesquisador.
As taxas de detecção do linfonodo sentinela com o verde indocianina foram comparadas em termos de custo e desempenho com os demais métodos (azul patente e braço combinado azul patente + verde indocianina), em pesquisa realizada no Hospital da Esperança de Presidente Prudente, interior paulista, em parceria com a Disciplina de Mastologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, de agosto de 2019 a dezembro de 2021.
Sá e colegas avaliaram 99 pacientes com idade média de 58,4 ± 13,3 anos, distribuídas em três braços de 33 pacientes. Um braço de análise foi submetido à técnica do linfonodo sentinela utilizando azul patente; em outro foi utilizado o verde indocianina e no terceiro a combinação dos dois corantes.
O verde indocianina, marcador fluorescente não radioativo e de baixo peso molecular, foi aplicado na dose de 5mg na região periareolar, sendo visualizado através do aparelho image1S® acoplado à fonte de luz D- light P® e câmera de laparoscopia. A infiltração foi feita em um ponto único, às 10 horas na mama direita ou às 2 horas na mama esquerda, aplicando a substância na região retroareolar/plexo de Sappey), seguida de massagem mamária de cinco minutos para migração do corante fluorescente.
Os resultados mostram que a taxa de acurácia na identificação do linfonodo sentinela foi de 78,8% com a utilização do azul patente, 93,9% com o verde indocianina e 100% com o azul patente + verde indocianina.
Sá e colegas descrevem que o grupo combinado identificou principalmente dois linfonodos sentinelas (48,5%), enquanto os demais grupos identificaram mais comumente apenas um linfonodo sentinela. O tempo médio de identificação do linfonodo sentinela foi de 20,6 minutos entre pacientes atendidas com o corante tradicional, 8,6 minutos no braço do verde indocianina e 10 minutos na associação dos dois métodos (P<0,001). O tempo médio de cirurgia foi de 69,4 minutos com o azul patente, 55,1 minutos com o verde indocianina e 69,4 minutos no braço combinado (P<0,001). Os principais subtipos histológicos e imunohistoquímicos foram o carcinoma invasivo do tipo não especial em 92,9% e luminal em 84,9% dos casos, respectivamente. O custo total da internação hospitalar nas pacientes que foram abordadas com o verde indocianina foi menor que o custo da internação hospitalar das pacientes abordadas com a técnica do azul patente (P=0,026) e do braço combinado (P=0,007).
“A taxa de detecção do linfonodo sentinela através da fluorescência com o uso do verde indocianina foi considerada eficaz”, destaca o mastologista, observando que a comparação da taxa de detecção do linfonodo sentinela entre o uso do azul patente, verde indocianina e azul patente + verde indocianina (combinado) revelou diferenças estatisticamente significantes, sendo o método combinado o mais eficaz. O estudo brasileiro também mostrou que o maior custo do corante verde indocianina não elevou o custo geral da internação hospitalar.
A pesquisa é a tese de doutorado do mastologista Rafael da Silva Sá, sob a orientação de Afonso Nazário, Professor Livre-Docente e Coordenador do Curso de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da EPM/UNIFESP.
Verde indocianina associado à fluorescência na biópsia do linfonodo sentinela
A biópsia do linfonodo sentinela é a técnica consagrada no estadiamento axilar em pacientes com câncer de mama inicial sem comprometimento clínico axilar. O médico mastologista Rafael da Silva Sá é o principal investigador de pesquisa pioneira no uso do verde indocianina (ICV) associado à fluorescência para detecção do linfonodo sentinela em pacientes com câncer de mama no Brasil, com resultados que devem impactar a prática médica. A pesquisa é a tese de doutorado do mastologista Rafael da Silva Sá, sob a orientação de Afonso Nazário, Professor Livre-Docente e Coordenador do Curso de Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da EPM/UNIFESP.