Onconews - Pesquisa com presença brasileira discute disparidades no acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama entre minorias

Nos Estados Unidos, as disparidades raciais/étnicas na adoção de práticas baseadas em evidências persistem ao longo do tratamento para o câncer de mama. Revisão com participação dos brasileiros Matheus José Barbosa Moreira, Gabriela Rangel Brandão, Bruno Murad Carvalho, Ana Carolina Comini, Carlos Alberto Campello Jorge, Isabele Ayumi Miyawaki,  Beatriz Soares Pessôa, Pedro Reis, Caroliny Silva, Debora Xavier e Felipe Batalini foi selecionada para apresentação em poster no ASCO Quality Care Symposium 2024, sintetizando evidências sobre intervenções eficazes para reduzir essas disparidades, especialmente entre minorias étnicas e raciais.

Neste estudo, os pesquisadores aplicaram uma lente de ciência de implementação para descrever a atual base de evidências com foco em intervenções dedicadas a reduzir disparidades, além de destacar lacunas na literatura.

Uma estratégia de busca identificou estudos de intervenção nos EUA com o objetivo de melhorar a adoção de práticas baseadas em evidência ao longo do tratamento do câncer de mama entre pacientes de minorias raciais/étnicas. Foram incluídos artigos relevantes de 1/2010 - 8/2022 (Medline, Embase, Cochrane e Scopus). Para cada artigo, dois revisores selecionaram e extraíram dados, com um terceira resolução de discrepâncias. A lista de verificação PRISMA-ScR e a estrutura do Manual JBI para Síntese de Evidências foram seguidas.

“Nossa estratégia de busca gerou 45.215 artigos. Após a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão, 59 artigos foram selecionados, compreendendo triagem (85%, 50 de 59), tratamento (12%, 7 de 59) e sobrevida (5%, 3 de 59) (2 visavam áreas múltiplas). Nenhum artigo teve como alvo os cuidados de fim de vida”, descrevem os autores.

Dos 59 artigos que cumpriram os critérios de seleção, 49% (29 de 59) foram ensaios clínicos randomizados (ECRs). Entre 24 ECRs de triagem, as intervenções mais comuns — e fração com captação de rastreamento significativamente melhorada — foram a navegação do paciente (100%, 11 de 11) e educação do paciente (80%, 4 de 5). Entre 4 ECRs de tratamento, os autores descrevem que 3 tiveram como alvo a captação de quimioterapia adjuvante. Destes, 1 teve melhorias significativas e usou a navegação do paciente. Os 2 estudos sem melhorias significativas usaram uma ferramenta de rastreamento de pacientes/sistema de alerta ou educação do paciente. Entre 2 ECRs avaliando sobrevida, um usou intervenções por e-mail, resultando em atividade física e saúde alimentar significativamente melhoradas. Um segundo usou um grupo de apoio via internet facilitado por enfermeiros, resultando em sintomas físicos/psicológicos significativamente melhorados.

A análise revela, ainda, que resultados de implementação do estágio inicial ao intermediário (aceitabilidade, adoção, adequação, viabilidade ou fidelidade) foram comumente medidos (81%, 48 de 59), mas nenhum estudo mediu os resultados da implementação em estágios posteriores (sustentabilidade ou custos).

“Em vários estudos, a navegação e a educação do paciente melhoraram o rastreamento do câncer de mama entre populações racialmente/etnicamente minoritárias. Em um estudo, a navegação do paciente melhorou a conclusão do tratamento adjuvante. Apesar dessas pesquisas, a navegação do paciente não é reembolsada para rastreamento do câncer de mama e sua adoção não foi generalizada. Estudos futuros devem se concentrar em avaliar e melhorar os resultados da implementação em estágios posteriores (sustentabilidade e custos)”, concluem os autores.

Referência:

Interventions to reduce racial/ethnic disparities across the breast cancer care continuum.

First Author: Milan George
Meeting: 2024 ASCO Quality Care Symposium
Session Type: Poster Session
Session Title: Poster Session B
Track: Health Care Access, Equity, and Disparities,Technology and Innovation in Quality of Care,Survivorship
Sub Track:Interventions and Policies to Optimize Health Equity
Citation: JCO Oncol Pract 20, 2024 (suppl 10; abstr 160)