Estudo que buscou analisar a taxa de mortalidade associada ao tratamento por pancreaticoduodenectomia em pacientes oncológicos no Brasil entre 2021 e 2023 mostrou que a mortalidade pós-operatória foi significativamente maior do que a relatada na literatura, com a região Sul com a maior taxa de óbitos no período (16,16%). A pesquisa tem como primeiro autor Pedro Henrique Filipin Von Muhlen (foto), pesquisador da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.
O câncer de pâncreas é a quarta principal causa de morte por câncer em homens e a quinta em mulheres. A terapia padrão atual para tumores pancreáticos situados na cabeça do pâncreas é a pancreaticoduodenectomia. No entanto, essa cirurgia está associada à significativa morbidade pós-operatória. Os autores descrevem que grandes melhorias na cirurgia pancreática levaram a taxas de mortalidade de menos de 5% em centros de alto volume e a maioria das séries de casos na literatura relatou taxa de mortalidade de 8%.
Neste estudo transversal, dados coletados do DATASUS foram usados para comparar e analisar o número de óbitos e o total de pancreatoduodenectomias realizadas em pacientes oncológicos entre as macrorregiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) no período de 2021 a 2023. A análise estatística foi realizada pelo software SPSS v.18.
Neste triênio, os autores descrevem que foram realizadas 1.871 pancreatoduodenectomias em pacientes oncológicos no Brasil. O ano com maior número de cirurgias foi 2021, com 633, enquanto 2022 foi o ano com menor número, com 611 cirurgias realizadas. Destes casos, a análise de Von Muhlen e colegas mostra que 268 pacientes morreram durante o procedimento ou no pós-operatório, representando 14,32% dos pacientes. A região Sudeste apresentou o maior número de pancreatoduodenectomias, 979, e o maior número de óbitos registrados, 139. No entanto, sua taxa de mortalidade é a segunda menor entre as cinco regiões (14,20%). A região Sul, com o segundo maior número de cirurgias e óbitos, apresentou a maior taxa de mortalidade, 16,16%.
Em síntese, o número de cirurgias de pancreatoduodenectomias realizadas no país foi significativamente baixo em quatro das cinco regiões, mas a taxa de mortalidade foi significativamente maior do que a apresentada na literatura. Mesmo a região Sudeste, com um número considerável de pancreatoduodenectomias, também apresentou taxa elevada de mortalidade.
Ao lado de Pedro Henrique Filipin Von Muhlen (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, RS), o estudo tem como coautoras Yasmin Ricarte Hass (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, RS) e Gabriele Eckerdt Lech (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul).
Referência:
Pedro Henrique Filipin Von Muhlen et al., Mortality Rate of Oncological Patients Undergoing Pancreaticoduodenectomy Procedure in Brazil From 2021 to 2023: A Cross-Sectional Study. JCO Glob Oncol 10, 125-125(2024).
DOI:10.1200/GO-24-10200