Pesquisa que buscou explorar as taxas de incidência do câncer de mama (CM) e mortalidade por CM na população brasileira dentro de faixas etárias predefinidas mostra que as taxas de mortalidade aumentaram em todos os subgrupos, com o aumento mais pronunciado no grupo abaixo de 40 anos. O trabalho tem participação dos oncologistas Jessé Lopes da Silva e Andréia Cristina de Melo (foto), além da coautoria de Luiz Claudio Thuler, todos do INCA.
O câncer de mama tem apresentado tendências epidemiológicas variadas com base em distintas categorias etárias. Nesta análise, as tendências de incidência do câncer de mama foram avaliadas de 2010 a 2015, a partir de dados dos Registros Populacionais de Câncer do Brasil. Foram empregadas razões padronizadas por idade e variação percentual média anual (AAPC). Os Registros Hospitalares de Câncer forneceram dados clínicos e sociodemográficos de 2000 a 2019. Os dados de mortalidade foram obtidos do Sistema Nacional de Informações sobre Mortalidade de 2000 a 2020. Os pesquisadores compararam três grupos etários pré-definidos: < 40, 40–69 e ≥ 70 anos.
Os resultados relatados na BMC Cancer mostram que de 2010 a 2015 foram registrados 205.966 novos casos de câncer de mama, com taxas de incidência de 7,1/100.000 para < 40, 156,5/100.000 para 40–69 e 247,5/100.000 para ≥ 70 anos. O grupo < 40 anos apresentou aumento significativo na taxa de incidência (AAPC + 1,6; IC de 95%: 1,0 a 2,2; p < 0,001). Essa faixa etária também apresentou maior proporção de pacientes negros (53%, p < 0,001), consumo de álcool (20,5%, p < 0,001), proporção de pacientes tratados em estágios ≥ IIB (64,0%, p < 0,001) e maior probabilidade de receber múltiplas modalidades de tratamento (60,7%, p < 0,001). A análise também revela que o grupo ≥ 70 anos apresentou maior atraso do diagnóstico ao início do tratamento (54%, p < 0,001), excedendo 60 dias, enquanto exibiu maior proporção de utilização de terapia endócrina (45,3%, p < 0,01). As taxas de mortalidade aumentaram em todos os subgrupos, com o grupo < 40 anos apresentando o aumento mais pronunciado (AAPC + 1,8%; IC de 95%: 1,6 a 2,1; p < 0,001).
“Esses resultados destacam disparidades marcantes na incidência do câncer de mama, taxas de mortalidade, características clinicopatológicas e sociodemográficas entre mulheres com menos de 40 anos e aquelas nas faixas etárias de 40 a 69 e ≥ 70 anos no Brasil”, concluem os autores.
A análise reafirma a idade avançada como um fator de risco significativo, consistente com a pesquisa do IARC (DOI: 10.1007/s10549-012-2031-7), demonstrando que a maior incidência de CM ocorre entre mulheres ≥ 70 anos.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto na BMC Cancer.
Referência:
da Silva, J.L., Thuler, L.C.S. & de Melo, A.C. Breast cancer patterns by age groups in Brazil: insights from population-based registries data. BMC Cancer 25, 18 (2025). https://doi.org/10.1186/s12885-024-13381-5