Onconews - Pesquisa mostra que conservação da mama e cirurgia oncoplástica estão associadas a melhor qualidade de vida

Daniel Barbalho (foto), mastologista e cirurgião oncoplástico do Hospital Sírio-Libanês, em Brasília, é primeiro autor de estudo que buscou estimar o impacto na qualidade de vida de diferentes tipos de tratamento para pacientes com câncer de mama. Os resultados estão na Frontiers in Oncology e mostram que a conservação da mama e a cirurgia oncoplástica estão associadas à melhor qualidade de vida.

Neste estudo de coorte retrospectivo, os pesquisadores usaram as pontuações de satisfação do Breast-Q pós-operatório de um ano como um substituto para a qualidade de vida. A regressão linear foi usada para estimar o impacto da conservação da mama, cirurgia oncoplástica, reconstrução da mama e radioterapia nas pontuações do Breast-Q. Todas as análises foram ajustadas para múltiplas covariáveis.

Das 711 pacientes elegíveis, 349 pacientes do sexo feminino responderam aos questionários pré e pós-operatório de um ano e foram incluídas na análise final. Barbalho e colegas descrevem que 237 (68%) pacientes foram submetidas a cirurgias conservadoras da mama e 112 (32%) foram submetidas a mastectomias. Todas as pacientes de mastectomia foram submetidas à reconstrução da mama e 176 (74% das cirurgias conservadoras da mama) foram submetidas à cirurgia oncoplástica concomitante.

Após análise multivariada, os resultados mostram que a mastectomia foi associada a pontuações mais baixas em comparação à cirurgia conservadora da mama (-21,3; IC 95%: -36,2, -6,4, p = 0,005), e a cirurgia oncoplástica foi associada a pontuações mais altas (9,2; IC 95%: 0,8, 17,6, p = 0,032). Houve uma tendência para pontuações mais altas com o uso de retalhos na reconstrução mamária e uma tendência para pontuações mais baixas com o uso de radioterapia, mas a diferença não foi significativa.

“A cirurgia conservadora da mama está associada a uma melhor qualidade de vida do que a mastectomia. Além disso, a cirurgia oncoplástica está associada a uma melhor qualidade de vida do que a cirurgia padrão conservadora da mama”, conclui a análise.

Os autores destacam que muitos avanços têm sido feitos para mitigar os danos à autoestima e à confiança social das mulheres, desde a era da mastectomia halstediana sem reconstrução, até a era atual da conservação da mama e cirurgia oncoplástica, 

“No entanto, após a crescente disponibilidade de testes de linha germinativa e a observação de que um pequeno subgrupo de mulheres com variantes patogênicas em genes de alta penetrância se beneficia de mastectomias bilaterais, vimos um aumento na indicação de mastectomias”, descreve o estudo brasileiro, que reforça a importância do aconselhamento às pacientes sempre que várias opções de cirurgia forem possíveis, com a recomendação de concentrar esforços para aumentar a disponibilidade de cirurgiões treinados em técnicas oncoplásticas.

Além de Daniel Barbalho, o estudo tem a participação de Natalia Polidorio, Lincon Mori, Alfredo Barros, Marcelo Sampaio, Sandro Melo, Amilcar Assis, Pamela Bioni, Giovanna Miziara, Murilo Fraga e Felipe Andrade, todos do Hospital Sírio-Libanês.

Referência:

Front. Oncol., 17 October 2024
Sec. Surgical Oncology
Volume 14 - 2024 | https://doi.org/10.3389/fonc.2024.1465769