A classificação molecular do câncer de endométrio (CE) surgiu como uma abordagem fundamental para individualizar o tratamento e definir os resultados prognósticos. Pesquisadores da Oncoclínicas e do Hospital do Câncer de Barretos relatam pela primeira vez o perfil brasileiro da classificação ProMisE do câncer endometrial, em artigo que tem como primeiro autor o oncologista Diocésio Alves Pinto de Andrade (foto), diretor do Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (InORP). O trabalho demonstra o impacto prognóstico da classificação ProMisE tradicional e molecular nos resultados dos pacientes.
Neste estudo, os pesquisadores consideraram uma coorte prospectiva de 114 pacientes com CE primário tratados no Hospital de Câncer de Barretos (BCH) entre outubro de 2020 e dezembro de 2022. Foram coletados dados de diagnóstico, estadiamento, tratamento e acompanhamento da patologia. A metodologia ProMisE tradicional foi realizada por sequenciamento de hotspot POLE e imuno-histoquímica (IHQ) para proteínas p53 e reparo de incompatibilidade (MMR). Andrade e colegas também avaliaram o status de MMR e TP53 por abordagem molecular, ou seja, instabilidade de microssatélites (MSI) por PCR e análise de mutação de TP53 por sequenciamento de última geração (NGS). Os resultados dos 4 grupos moleculares em ambas as metodologias foram comparados quanto à precisão da concordância e resultados de sobrevida.
Entre os 114 casos, os grupos ProMisE tradicionais foram: POLEmut 15,8%, MMRd 28,1%, p53abn 27,2% e nenhum perfil molecular específico (NSMP) 28,9%. Considerando a abordagem de classificação molecular, os resultados mostram um grupo POLEmut de 15,8%, grupo MSI de 23,7%, mutação TP53 de 27,2% e NSMP de 33,3%. A taxa de concordância de ambas as abordagens foi de 86,8% (99/114 casos) com uma precisão geral de 0,87.
Os autores destacam que, tanto as abordagens ProMisE tradicionais quanto as moleculares foram associadas a resultados de sobrevida global (SG) e sobrevida livre de progressão (SLP) significativamente distintos, com pacientes POLEmut exibindo um melhor prognóstico (SG de 93,8%, em 24 meses), enquanto o p53abn teve um tempo de sobrevida pior (68,9% de SG, em 24 meses).
Em síntese, ao relatar pela primeira vez o perfil brasileiro da classificação ProMisE do câncer endometrial, este estudo demonstrou o impacto prognóstico da classificação ProMisE tradicional e molecular nos resultados dos pacientes.
Além de Diocesio Alves Pinto Andrade, o trabalho tem participação de Murilo Bonatelli Flavia Escremim De Paula, Gustavo Noriz Berardinelli, Gustavo Ramos Teixeira, Monise Tadin dos Reis, Flávia Fazzio Barbin, Carlos Eduardo Mattos Cunha Andrade, Vinícius Pereira Aguiar, Alejandro Delfos Hermoza, Welinton Yoshio Hirai , Ronaldo Luís Schmidt, Rui Manuel Reis e Ricardo Reis.
Referência:
Front. Oncol. Sec. Gynecological Oncology. Volume 14 - 2024 | doi: 10.3389/fonc.2024.1503901