Nos últimos 15 anos, a norte-americana FDA e a europeia EMA aprovaram 19 e 13 medicamentos para sarcoma, enquanto suas contrapartes latino-americanas ANVISA, ANMAT e COFEPRIS aprovaram seis, oito e sete medicamentos, respectivamente. É o que mostra estudo do LACOG Sarcoma Group publicado no JCO Global Oncology, em análise que tem como primeiro autor o oncologista Douglas Dias e Silva (foto).
A disponibilidade de medicamentos e políticas públicas nacionais para pacientes com cânceres raros, incluindo sarcomas, varia em diferentes partes do mundo. Neste estudo, os pesquisadores conduziram uma análise abrangente para avaliar as políticas de câncer raro em documentos de políticas nacionais de países latino-americanos. Além disso, foram revisadas as aprovações de medicamentos para sarcoma em países latino-americanos selecionados e os achados foram comparados com as aprovações da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e da European Medicines Agency (EMA).
“Os documentos revisados mostraram uma falta de foco explícito em cânceres raros, sem menção em 70% dos países analisados”, destacam os autores, que defendem um esforço colaborativo para melhorar o tratamento de câncer raro e sarcoma na América Latina.
De acordo com o National Cancer Institute dos EUA, os cânceres raros são definidos por uma incidência de menos de 15 casos por 100.000 indivíduos anualmente.1 Em contraste, Silva e colegas descrevem que o RARECARE, um consórcio da União Europeia, usa um corte de menos de seis casos por 100.000 por ano.
Apesar de sua raridade individualmente, como um grupo, os cânceres raros são responsáveis por aproximadamente 20%-25% de todos os casos de câncer adulto recém-diagnosticados, sublinham os autores. O câncer raro é diagnosticado com mais frequência ente pacientes mais jovens, com sobrevida de 5 anos inferior na comparação com os subtipos mais comuns. “Apesar desses fatos, os cânceres raros, incluindo sarcomas, são frequentemente negligenciados em documentos nacionais que orientam as prioridades de um país em cuidados de saúde oncológicos, incluindo os Planos Nacionais de Controle do Câncer (NCCPs), Planos Nacionais de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (NCDs) e Planos Nacionais de Doenças Raras (NRDPs)”, analisam os pesquisadores.
Além de Douglas Dias e Silva (LACOG/Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo), o estudo tem a participação de Roberto Carmagnani Pestana (LACOG/Hospital Israelita Albert Einstein), mentor do trabalho e que assina como autor correspondente, e dos pesquisadores Bruna Bianca Lopes David (LACOG/Oncoclínicas, Rio de Janeiro e Instituto Nacional do Câncer - INCA), Veridiana Pires de Camargo (LACOG/Hospital Beneficência Portuguesa, São Paulo), Renee Zon Filipi (LACOG, Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo), María Lucila González Donna (LACOG/ Instituto Nacional del Cancer Paraguay, Capiata, Paraguay), Juan Carlos Haro Varas (LACOG/ Instituto Nacional de Enfermedades Neoplásicas, Lima, Peru), Rodrigo Ramella Munhoz (LACOG/Hospital Sírio Libanês, São Paulo), Maycos L. Zapata (LACOG/ Instituto de Cancerologia las Americas AUNA, Medellin, Colombia), Cicero Luiz Cunha Martins (LACOG/ Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Americas Oncologia, Rio de Janeiro), Matias Chacon (LACOG/ Fleming Institute, Buenos Aires, Argentina), Rafael Schmerling (LACOG/ Dasa Oncologia, São Paulo), e Reynaldo Jesus Garcia (LACOG/ Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo).
A íntegra do artigo está disponível em acesso aberto.
Referência:
Douglas Dias e Silva et al., Assessment of Rare Cancers and Sarcoma Policy and Sarcoma Drug Approvals in Latin America: A Report From the LACOG Sarcoma Group. JCO Glob Oncol 11, e2400239(2025). DOI:10.1200/GO.24.00239