Acompanhamento de 12 anos do estudo C9741 confirmou o benefício sustentado de longo prazo da quimioterapia adjuvante de dose densa em pacientes com câncer de mama linfonodo positivo receptor de estrogênio positivo (RE+). É o que demonstram os resultados publicados no Journal of Clinical Oncology (JCO), em artigo que tem o brasileiro Otto Metzger (foto), oncologista do Dana Farber Cancer Institute, como principal autor.
Com a evolução das evidências de que alguns pacientes com doença linfonodo positiva receptor de estrogênio positivo (RE+) podem se beneficiar menos da quimioterapia, este estudo relata os resultados de 12 anos do ensaio C9741 em geral e pelo índice de teste de sensibilidade à terapia endócrina (SET2,3), um biomarcador que mede a atividade transcricional endócrina, para identificar os pacientes com maior probabilidade de se beneficiar da quimioterapia de dose densa.
No total, 1.973 pacientes foram randomizados para quimioterapia de dose densa versus quimio convencional. As razões de risco (HRs) para prognóstico e para interação preditiva com o esquema de quimioterapia foram estimadas a partir de modelos de Cox de sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG) de longo prazo. O índice de teste de sensibilidade à terapia endócrina foi avaliado nas 682 amostras de RNA armazenadas de tumores RE+.
Resultados
A quimioterapia de dose densa melhorou a sobrevida livre de doença na população geral do estudo em 23% (HR, 0,77 [IC de 95%, 0,66 a 0,90]) e a sobrevida global em 20% (HR, 0,80 [IC de 95%, 0,67 a 0,95]); os benefícios da terapia de dose densa foram observados para subgrupos ER+ e ER-negativo, sem interação significativa entre o braço de tratamento e o status do receptor de estrogênio.
O status SET2,3 baixo foi altamente prognóstico, mas também previu resultados melhores da quimioterapia de dose densa (interação P = 0,0998 para SLD; 0,027 para SG), independentemente do status da menopausa. Especificamente, a baixa atividade transcricional endócrina foi preditiva do benefício da quimioterapia de dose densa, enquanto a carga tumoral e as assinaturas orientadas pela proliferação para a classificação do subtipo molecular não o fizeram.
Em síntese, no acompanhamento de 12 anos, o estudo C9741 confirmou o benefício sustentado de longo prazo da quimioterapia adjuvante de dose densa para câncer de mama com linfonodo positivo. “O índice de teste de sensibilidade à terapia endócrina
identificou pacientes com câncer de mama RE+ que se beneficiaram da quimioterapia de dose densa e, especificamente, esse benefício foi previsto pela baixa atividade endócrina no câncer, em vez da carga tumoral, subtipo molecular ou status menopausal”, concluíram os autores.
Referência:
Otto Metzger Filho et al., Adjuvant Dose-Dense Chemotherapy in Hormone Receptor–Positive Breast Cancer. JCO 0, JCO-24-01875. DOI:10.1200/JCO-24-01875