O estudo pivotal de Fase 3 POSEIDON demonstrou melhora significativa na sobrevida global e sobrevida livre de progressão com a adição de durvalumabe (Imfinzi®, Astrazeneca) e tremelimumabe (Imjudo®, Astrazeneca) à quimioterapia à base de platina no tratamento de primeira linha do câncer de pulmão de células não pequenas metastático (CPCNPm) sem alterações de EGFR/ALK. Os resultados foram publicados no Journal of Clinical Oncology (JCO), em artigo com a participação do oncologista brasileiro Luiz Henrique Araújo (foto).
No estudo, 1013 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas metastático (CPCNPm) EGFR/ALK selvagem foram randomizados (1:1:1) em três braços: no braço 1 (T + D + CT), os pacientes receberam o inibidor de CTLA-4 tremelimumabe (75 mg) mais o inibidor de PD-L1 durvalumabe (1.500 mg) e quimioterapia à base de platina por até quatro ciclos de 21 dias, seguido por durvalumabe uma vez a cada 4 semanas até progressão e uma dose adicional de tremelimumabe; no braço 2 (D + CT) foi administrado durvalumabe mais quimioterapia por até quatro ciclos de 21 dias, seguido por durvalumabe uma vez a cada 4 semanas até a progressão; e no braço 3 (CT) os pacientes receberam quimioterapia por até seis ciclos de 21 dias (com ou sem pemetrexede de manutenção; todos os braços).
Os endpoints primários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) para durvalumabe + quimioterapia versus quimioterapia isolada. Os principais endpoints secundários foram SLP e SG para tremelimumabe + durvalumabe + quimioterapia versus quimioterapia isolada.
Resultados
A sobrevida livre de progressão foi significativamente melhor com a combinação de durvalumabe e quimioterapia em comparação com quimioterapia isolada (hazard ratio [HR], 0,74; 95% CI, 0,62 a 0,89; P = 0,0009; mediana, 5,5 v 4,8 meses); houve uma tendência para melhoria da sobrevida global, sem alcançar significância estatística (HR, 0,86; 95% CI, 0,72 a 1,02; P = 0,0758; mediana, 13,3 v 11,7 meses; SG de 24 meses, 29,6% v 22,1%). A sobrevida livre de progressão (HR, 0,72; 95% CI, 0,60 a 0,86; P = 0,0003; mediana, 6,2 v 4,8 meses) e SG (HR, 0,77; 95% CI, 0,65 a 0,92; P = 0,0030; mediana, 14,0 v 11,7 meses; SG de 24 meses, 32,9% v 22,1%) melhoraram significativamente com a combinação de tremelimumabe, durvalumabe e quimioterapia versus quimioterapia.
Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram graus 3/4 em 51,8% dos pacientes que receberam a combinação tripla, 44,6% dos pacientes que receberam durvalumabe + quimioterapia e 44,4% dos pacientes que receberam quimioterapia isolada. 15,5% (T + D + CT), 14,1% (D + CT) e 9,9% (CT isolada) dos pacientes descontinuaram o tratamento devido a eventos adversos relacionados ao tratamento.
“A combinação de durvalumabe e quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão em comparação com a quimioterapia isolada. Um curso limitado de tremelimumabe adicionado a durvalumabe e quimioterapia melhorou significativamente a sobrevida global e SLP em comparação com a quimioterapia, sem carga adicional significativa de tolerabilidade, representando uma nova opção de tratamento em primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas metastático”, concluíram os autores.
Referência: Johnson ML, Cho BC, Luft A, Alatorre-Alexander J, Geater SL, Laktionov K, Kim SW, Ursol G, Hussein M, Lim FL, Yang CT, Araujo LH, Saito H, Reinmuth N, Shi X, Poole L, Peters S, Garon EB, Mok T; POSEIDON investigators. Durvalumab With or Without Tremelimumab in Combination With Chemotherapy as First-Line Therapy for Metastatic Non-Small-Cell Lung Cancer: The Phase III POSEIDON Study. J Clin Oncol. 2023 Feb 20;41(6):1213-1227. doi: 10.1200/JCO.22.00975. Epub 2022 Nov 3. PMID: 36327426; PMCID: PMC9937097.