Estudo de base populacional publicado no Journal of Geriatric Oncology identificou fatores de risco associados ao cuidado de fim de vida de alta intensidade entre idosos com câncer. “Cuidados de fim de vida intensivos podem ser onerosos para os pacientes, cuidadores e sistemas de saúde e não conferem benefício clínico significativo”, observam os autores.
Os pesquisadores utilizaram dados do SEER-Medicare para conduzir uma análise retrospectiva de beneficiários do Medicare com 65 anos ou mais que morreram de câncer de mama, próstata, pulmão ou colorretal entre 2011 e 2015.
A regressão logística multivariada identificou preditores clínicos, demográficos, socioeconômicos e geográficos de cuidados de fim de vida de alta intensidade, definidos como morte em um hospital de cuidados agudos, recebimento de qualquer quimioterapia oral ou parenteral no período de 14 dias antes da morte, uma ou mais admissões na unidade de terapia intensiva 30 dias antes da morte, duas ou mais visitas ao pronto-socorro no mês anterior ao óbito ou duas ou mais internações dentro de 30 dias antes da morte.
Entre 59.355 falecidos, os fatores associados ao aumento da probabilidade de receber cuidados de fim de vida de alta intensidade foram aumento da carga de comorbidades (razão de chances [OR]: 1,29; 95% CI: 1,28–1,30), sexo feminino (OR: 1,05; 95% CI: 1,01–1,09), raça negra (OR: 1,14; 95% CI: 1,07–1,23), outra raça/etnia (OR: 1,20; 95% CI: 1,10–1,30), doença em estágio III (OR: 1,11; 95% CI: 1,05–1,18), residência em município com >1.000.000 de pessoas (OR:1,23; 95% CI:1,16–1,31), residência em um setor censitário com 10%–<20% de pobreza (OR:1,09; 95% CI:1,03–1,16) ou 20%–100% de pobreza (OR:1,12; 95% CI:1,04–1,19) e ter Medicare subsidiado pelo estado (OR:1,18; 95% CI:1,12–1,24).
O risco de cuidados de fim de vida de alta intensidade foi menor entre pacientes mais velhos (OR: 0,98; 95% CI: 0,98–0,99), que residiam no Centro-Oeste (OR: 0,69; 95% CI: 0,65–0,75), Sul (OR :0,70; 95% CI: 0,65–0,74), ou Oeste (OR: 0,81; 95% CI: 0,77–0,86), viviam principalmente em áreas rurais (OR: 0,92; 95% CI: 0,86–1,00) e tinham baixo performance status (OR:0,26; 95% CI:0,25–0,28). Os resultados foram amplamente consistentes entre os tipos de câncer.
Em síntese, os fatores de risco identificados no estudo podem informar o desenvolvimento de novas intervenções para pacientes com câncer que provavelmente receberão cuidados de fim de vida de alta intensidade. “Os sistemas de saúde devem considerar a incorporação destes fatores de risco em ferramentas de apoio à decisão para ajudar a identificar quais pacientes devem ser encaminhados para hospices e cuidados paliativos”, concluíram os autores.
Referência:
Predictors of high-intensity care at the end of life among older adults with solid tumors: A population-based study - Courtney E. Baird, Elizabeth Wulff-Burchfield, Pamela C. Egan, Adam J. Olszewski, Leonidas E. Bantis, Orestis A. Panagiotou. Published: April 27, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jgo.2024.101774