Não há diferenças significativas na mortalidade entre homens submetidos à cirurgia para câncer de próstata localizado e aqueles que foram acompanhados apenas com observação. Os dados são de artigo publicado no New England Journal of Medicine e reportam quase 20 anos de seguimento. Entre novembro de 1994 e janeiro de 2002, 731 pacientes com câncer de próstata localizado foram randomizados 1:1 para a prostatectomia ou observação. O desfecho primário foi a mortalidade por todas as causas e o principal desfecho secundário foi a mortalidade por câncer de próstata.
Resultados
Durante 19,5 anos de seguimento (mediana, 12,7 anos), a morte ocorreu em 223 dos 364 homens (61,3%) no braço da cirurgia e em 245 dos 367 homens (66,8%) designados para o braço da observação (HR= 0,84; IC 95%, 0,70 a 1,01; p = 0,06). A morte atribuída ao câncer de próstata ou ao tratamento ocorreu em 27 homens (7,4%) no braço de cirurgia e em 42 homens (11,4%) no braço da observação (HR= 0,63; IC 95%, 0,39 a 1,02; p = 0,06).
A cirurgia pode ser associada a menor mortalidade por todas as causas frente à observação em homens com doença de risco intermediário (diferença absoluta de 14,5%, IC 95%, 2,8 a 25,6), mas não entre aqueles com doença de baixo risco (diferença absoluta, 0,7%, IC 95%, -10,5 a 11,8) ou doença de alto risco (diferença absoluta, 2,3%, IC 95%, -11,5 a 16,1; p = 0,08).
O tratamento para a progressão da doença foi menos frequente com a cirurgia do que com a observação (diferença absoluta, 26,2%, IC 95%, 19,0 a 32,9); O tratamento foi principalmente para progressão assintomática, local ou bioquímica (PSA). A incontinência urinária e a disfunção erétil e sexual foram maiores com a cirurgia do que com a observação. As limitações nas atividades da vida diária relacionadas ao tratamento foram maiores com a cirurgia do que com a observação.
Conclusões
Após quase 20 anos de seguimento entre os homens com câncer de próstata localizado, a cirurgia não foi associada à mortalidade significativamente menor do que a observação. A cirurgia foi associada a uma maior frequência de eventos adversos quando comparada à observação, mas a uma menor frequência de tratamento para a progressão da doença, principalmente para progressão assintomática, local ou bioquímica. (ClinicalTrials.gov, NCT00007644.)
Referência:doi: 10.1056/NEJMoa1615869 - N Engl J Med 2017; 377:132-142 July 13, 2017 doi: 10.1056/NEJMoa1615869