Estudo de Singer et al. no European Journal of Cancer mostra limitações de questionário validado (EORTC QLQ-HN43) para avaliar qualidade de vida no câncer de cabeça e pescoço e propõe métricas que ajudam a interpretar pontuações clinicamente significativas.
Um método comumente empregado para avaliar resultados relatados pelo paciente é calcular a Diferença Mínima Importante (DIM) ou Mudança Mínima Importante (MIC), a partir de questionário específico, considerados métricas úteis para interpretar qualidade de vida como um desfecho clínico relevante.
Nesta análise, os pesquisadores buscaram avaliar o módulo EORTC QLQ-HN43 a partir de indicadores antes do início do tratamento e três e seis meses depois. A base de análise considerou pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento ativo (n=503), de 15 países, que completaram o questionário EORTC- QLQ-HN43) em diferentes períodos de tempo: (t1: antes do tratamento, t2: três meses após t1, t3: seis meses após t1). Um subgrupo completou adicionalmente um Questionário de Significância Subjetiva (QSS), indicando mudanças em quatro domínios de qualidade de vida, assumindo que a QV foi deteriorada após t1 e melhorada novamente até t3. O MIC foi estabelecido usando a média das diferenças, de acordo com a avaliação do QSS (MICmean) e as estimativas baseadas em regressões logísticas (MICpredict). Além disso, as mudanças mínimas detectáveis (MDC) foram computadas usando desvio padrão de 0,5 e erro padrão da média.
Os resultados relatados por Singer et al. no European Journal of Cancer mostram que o MIC para deterioração da deglutição, fala, boca seca e qualidade de vida global foi de 13, 14, 26 e 10, respectivamente. O MIC para melhora foi 8 (deglutição), 6 (boca seca) e 5 (QV global); nenhum MIC para melhora da fala foi apresentado diante da correlação insuficiente entre a pontuação de mudança e a de referência. As estimativas de MDC para deterioração foram 15, 14, 15 e 11, respectivamente. Para melhoria, as estimativas de MDC nos domínios avaliados (deglutição, fala, boca seca e qualidade de vida global) foram de 13, 14, 14 e 11, respectivamente.
“Nossos resultados ressaltam que nenhum MIC ou MDC pode ser aplicado a todas as escalas do EORTC QLQ-HN43, e que a MIC para deterioração parece maior do que aquelas para melhoria da qualidade de vida”, concluem os autores. Esses achados contribuem para estabelecer limites de interpretação para o EORTC QLQ-HN43 usado em pacientes com câncer de cabeça e pescoço . “Há grande interesse entre profissionais e pesquisadores em desenvolver limites para ajudar a interpretar pontuações e identificar as diferenças mínimas ou mudanças nas pontuações que são clinicamente significativas”, analisam.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência:
The European Organisation for Research and Treatment of Cancer Head and Neck Cancer Module (EORTC QLQ-HN43): estimates for minimal important difference and minimal important change. Singer, Susanne et al. European Journal of Cancer