Uma em cada cinco mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero nos Estados Unidos tem mais de 65 anos de idade, o que sugere que a idade recomendada para interromper o rastreamento da doença deve ser reconsiderada. Os dados são de estudo apresentado na Society of Gynecologic Oncology’s 2018 Annual Meeting on Women’s Cancer.
Atualmente, a American Cancer Society, American Society for Clinical Pathology e American Society of Colposcopy and Cervical Pathology recomendam que o rastreamento do câncer do colo do útero seja interrompido a partir dos 65 anos de idade, desde que as mulheres tenham uma triagem adequada e estejam em baixo risco. As diretrizes atuais não contemplam a estratificação de risco da doença em mulheres com mais de 65 anos.
O objetivo do estou apresentado no SGO 2018 por Sarah Dilley, fellow em oncologia ginecológica na Universidade do Alabama, em Birmingham, foi quantificar as diferenças relacionadas à raça e à idade na incidência do câncer do colo do útero. A pesquisadora utilizou bancos de dados nacionais e examinou os benefícios potenciais do rastreamento do câncer do colo do útero na população de pacientes com mais de 65 anos de idade.
Métodos e resultados
O banco de dados do programa Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER-18) e do National Cancer DataBase (NCDB) foram consultados para determinar a incidência de câncer do colo do útero.
De acordo com os dados do SEER-18, as taxas globais de casos de câncer de colo do útero diminuíram com o tempo para pacientes de 20 a 49 anos (-0,85; P <0,001) e para aqueles com 75 anos ou mais (-0,68; P <0,001). No banco de dados do SEER-18, 19,7% dos casos de câncer do colo do útero foram diagnosticados em mulheres com 65 anos ou mais de 2000 a 2014, proporção que não se alterou significativamente ao longo do tempo.
Quando estratificada por raça, as mulheres negras não hispânicas eram mais propensas do que outros grupos raciais/étnicos a serem diagnosticadas após os 65 anos de idade (22,9%, P <0,001) em comparação com 20,5% das mulheres brancas não hispânicas. No NCDB, 18,9% dos casos de câncer cervical diagnosticados entre 2004 a 2014 foram em mulheres com mais de 65 anos. Quando examinados por decil etário, apenas 5,1% dos casos foram diagnosticados entre 20 e 29 anos, enquanto 8% foram diagnosticados dos 70 aos 79 anos.
"Nossos dados sugerem que uma proporção considerável de mulheres é diagnosticada com câncer de colo do útero depois dos 65 anos, o que sugere que as pacientes estão interrompendo o exame muito cedo ou não estão sendo examinados", afirmou Dilley. "As sociedades profissionais devem considerar a extensão dos requisitos de idade para o rastreamento afim de melhorar os resultados para esta população de mulheres com idade mais avançada", conclui.
Referência: Rethinking cervical cancer screening guidelines in an aging U.S. population - S.E. Dilley, J.A. O'Donnell, H.J. Smith, S. Bae and W. Huh.