Onconews - Registros de câncer de base populacional falham no acompanhamento de longo prazo da recorrência do câncer de mama

Revisão mostra que muitos registros de câncer de base populacional não coletam rotineiramente dados de longo prazo para informar pesquisadores e profissionais de saúde sobre o prognóstico do câncer de mama. “Informações sobre risco e tempo de recorrência metastática permitiriam análises aprofundadas, fornecendo insights sobre o cenário do câncer de mama recorrente e o desenvolvimento de modelos de previsão de risco, além da alocação de recursos para o gerenciamento do câncer de mama”, analisam os autores.

Revisão que considerou estudos populacionais buscou determinar desfechos de longo prazo em sobreviventes de câncer de mama não metastático disponíveis em registros de câncer, assim como a infraestrutura e o cenário atual desses registros.

Nesta análise, os autores revisaram a literatura para identificar estudos que usaram dados de registros de base populacional para avaliar a distribuição da recorrência metastática em mulheres diagnosticadas com câncer de mama não metastático. Foram considerados os desfechos e métodos de análise, assim como foram revisadas as fontes de financiamento e a infraestrutura dos registros.

Um total de 23 estudos de 11 registros em oito países da Europa, América do Norte e Oceania foram incluídos na revisão. Os estudos incluídos foram publicados a partir de 2013 e a maioria (n = 14) incluiu pacientes que foram diagnosticados após o ano 2000. Quando relatado, o acompanhamento mediano dos estudos variou de 3,5 a 14,82 anos.

Os resultados foram relatados no JCO Global Oncology por Eileen Morgan e colegas e revelam que a maioria dos estudos foram retrospectivos e consideraram  dados de recorrência apenas para estudos ad hoc, mas não como parte dos registros de rotina. Morgan et al. também descrevem que a definição de recorrência e as fontes de dados variaram consideravelmente entre os estudos revisados: o intervalo de tempo livre de câncer entre o início do acompanhamento e a janela de risco variou do diagnóstico do tumor primário (n = 7) a 6 meses do diagnóstico (n = 1); o início do acompanhamento diferiu entre o diagnóstico inicial (n = 16) e o tratamento (n = 7). A maioria dos estudos usou revisão de prontuários médicos para confirmar recorrência metastática e poucos mencionaram dados de patologia.

“A vigilância do câncer deve considerar os desfechos de longo prazo entre os sobreviventes, para pesquisa e monitoramento. Estudos estão em andamento, mas mais pesquisas são necessárias”, analisam os autores. A revisão mostra que os registros de câncer devem ser apoiados para coletar rotineiramente dados de recorrência para permitir a avaliação completa do câncer de mama não metastático e informar pesquisadores e profissionais de saúde sobre o prognóstico de pacientes com câncer de mama não metastáticos e metastáticos.

Referência:

Eileen Morgan et al., Collecting Long-Term Outcomes in Population-Based Cancer Registry Data: The Case of Breast Cancer Recurrence. JCO Glob Oncol 10, e2400249(2024). DOI:10.1200/GO-24-00249