Onconews - RELARC: extensão da linfadenectomia para tratamento cirúrgico do câncer de cólon direito

Estudo randomizado de fase III conduzido em 17 hospitais da China não mostrou diferenças significativas de sobrevida livre de doença em 3 anos ou de sobrevida global entre a excisão mesoncólica completa (EMC) e a dissecção D2 em pacientes com câncer de cólon do lado direito. Os resultados estão em artigo do RELARC Study Group, no Journal of Clinical Oncology (JCO). “A dissecção D2 padrão deve ser o procedimento de rotina para esses pacientes. EMC deve ser considerada apenas em pacientes com envolvimento óbvio de linfonodo mesocólico”, destacam os autores.

A excisão mesocólica completa (EMC) tem sido cada vez mais usada para o tratamento do câncer de cólon do lado direito, embora ainda não haja evidências fortes de que a EMC forneça melhores resultados oncológicos de longo prazo do que a dissecção D2. A controvérsia é principalmente sobre o benefício de sobrevivência da dissecção estendida dos linfonodos enfatizada pela EMC.

Neste ensaio clínico multicêntrico, aberto, randomizado e controlado (NCT02619942), que envolveu a participação de 17 hospitais na China, os pesquisadores inscreveram pacientes com câncer de cólon do lado direito em estágio T2-T4aNanyM0 ou TanyN + M0. Os pacientes elegíveis foram randomizados (1:1) para serem submetidos a CME ou dissecção D2 durante a colectomia direita laparoscópica. O desfecho primário foi a sobrevida livre de doença (SLD) de 3 anos, e o principal desfecho secundário foi a sobrevida global (SG) de 3 anos.

Entre 11 de janeiro de 2016 e 26 de dezembro de 2019, foram randomizados 1.072 pacientes (536 pacientes para EMC e 536 pacientes para dissecção D2). No total, 995 pacientes (idade média de 61 anos, 59% homens) foram incluídos na análise primária (EMC [n = 495] v dissecção D2 [n = 500]). Os autores descrevem que não foram encontradas diferenças significativas na SLD em 3 anos entre os grupos de análise (razão de risco [HR], 0,74 [IC de 95%, 0,54 a 1,02]; P = 0,06; 86,1% no grupo EMC v 81,9% no grupo D2) ou na SG em 3 anos (HR, 0,70 [IC de 95%, 0,43 a 1,16]; P = 0,17; 94,7% no grupo EMC v 92,6% no grupo D2).

“Este estudo não conseguiu encontrar evidências de resultado superior de SLD para EMC em comparação com dissecção de linfonodo D2 padrão na excisão cirúrgica primária de câncer de cólon do lado direito”, concluem os autores, que endossam a recomendação de que a dissecção D2 padrão deve ser o procedimento de rotina para esses pacientes, considerando a EMC apenas para pacientes com envolvimento  de linfonodo mesocólico.

Referência:

Junyang Lu et al., Extent of Lymphadenectomy for Surgical Management of Right-Sided Colon Cancer: The Randomized Phase III RELARC Trial. JCO 0, JCO.24.00393
DOI:10.1200/JCO.24.00393