Carolina Alves Costa Silva (foto), oncologista e doutoranda no Gustave Roussy, é primeira autora de estudo publicado na Nature Communications que demonstrou o valor prognóstico de biomarcadores de metagenômica e metabolômica combinados em pacientes com melanoma estágio IIIB/C submetidos a tratamento adjuvante com células dendríticas naturais autólogas no estudo MIND-DC.
“A imunovigilância tumoral desempenha um papel importante no melanoma, estimulando o desenvolvimento de estratégias de imunoterapia. A composição da microbiota intestinal, influenciando o tônus imunológico periférico e tumoral, tem ganhado importância entre os preditores de sobrevida no melanoma”, observaram os autores.
O ensaio de Fase 3 MIND-DC (NCT02993315) randomizou (proporção 2:1) 148 pacientes com melanoma em estágio IIIB/C para tratamento adjuvante com células dendríticas naturais autólogas (nDC) ou placebo (PL). No geral, 144 pacientes coletaram amostras de soro e fezes antes e depois de 2 injeções bimestrais para realizar metabolômica (MB) e metagenômica (MG) como análise exploratória pré-especificada. Os resultados clínicos foram relatados separadamente.
No artigo publicado na Nature, os pesquisadores mostraram que diferentes micróbios foram associados ao prognóstico, com o Faecalibacterium prausnitzii destacando-se como o principal táxon benéfico para nenhuma recorrência em 2 anos (p = 0,008 no início do estudo, braço nDC).
A terapia coincidiu com grandes perturbações da metabolômica (acilcarnitinas, ácidos carboxílicos e graxos). Apesar da randomização, o braço de células dendríticas naturais autólogas exibiu viés na metagenômica e metabolômica no início do estudo: relativa sub-representação de F. prausnitzii e perturbações dos ácidos biliares primários (AB). F. prausnitzii anticorrelacionou-se com ácidos biliares primários, acilcarnitinas de cadeia média e longa.
“Combinados, esses biomarcadores de metagenômica e metabolômica determinaram marcadamente o prognóstico. Ao todo, a interação microbiana-hospedeiro pode desempenhar um papel no melanoma localizado. Valorizamos o perfil sistemático de metagenômica e metabolômica em ensaios randomizados para evitar diferenças basais atribuídas às interações hospedeiro-micróbio”, concluíram os autores.
Referência: Alves Costa Silva, C., Piccinno, G., Suissa, D. et al. Influence of microbiota-associated metabolic reprogramming on clinical outcome in patients with melanoma from the randomized adjuvant dendritic cell-based MIND-DC trial. Nat Commun 15, 1633 (2024). https://doi.org/10.1038/s41467-024-45357-1