Estudo de Huang et al. publicado na Lung Cancer buscou descrever as respostas patológicas combinadas de tumores e linfonodos em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) após quimioimunoterapia neoadjuvante, assim como o significado clínico subjacente. “Uma boa resposta combinada pode ser usada como um preditor confiável de prognóstico”, destacam os autores. O oncologista Mauro Zukin (foto) comenta os principais achados.
Respostas patológicas inconsistentes de tumores e linfonodos (LNs) foram frequentemente observadas no CPCNP em pacientes recebendo quimioimunoterapia neoadjuvante. No entanto, faltam estudos sobre o significado prognóstico e os fatores clinicopatológicos relevantes das respostas inconsistentes tumor-nodais após imunoterapia neoadjuvante ou quimioimunoterapia.
Neste estudo, um total de 81 pacientes com CPCNP com linfonodos positivos submetidos à quimioimunoterapia neoadjuvante foram elegíveis para inclusão. Os pesquisadores registraram características demográficas, radiológicas e patológicas dos pacientes. Aqueles com resposta patológica completa do tumor (ypT(pCR)) e dos LNs (ypN0) foram classificados no grupo combinado de boa resposta e as características clinicopatológicas relevantes foram avaliadas. O resultado de sobrevida livre de eventos (SLE) foi analisado pela análise de Kaplan-Meier.
Os resultados mostram que as taxas de ypN0 e ypT(pCR) foram de 74,1% e 42,0%, respectivamente. Foi observada correlação significativa entre ypT(pCR) e ypN0 (P=0,003), mas permaneceram respostas inconsistentes. As respostas combinadas do tumor primário e dos LNs demonstraram uma associação significativa com o resultado prognóstico (P = 0,005). Huang e colegas destacam que os pacientes que receberam pelo menos duas infusões de inibidores de checkpoint imune após as 15h30 tiveram pior prognóstico (P = 0,015).
“Foi observada correlação significativa, mas não absoluta, entre boa resposta tumoral e boa resposta nodal em pacientes com CPCNP após quimioimunoterapia neoadjuvante, mas também foram encontradas respostas inconsistentes. A combinação de respostas tumorais e nodais está significativamente associada ao prognóstico e uma boa resposta combinada pode ser usada como um preditor confiável de prognóstico”, concluem os autores.
Em síntese, esses achados revelam que a quimioimunoterapia neoadjuvante resultou em resposta mais favorável em LNs metastáticos, alinhando-se com pesquisas anteriores.” Embora tenhamos encontrado uma associação significativa entre boa resposta tumoral e boa resposta nodal, não pode ser estabelecida uma associação absoluta. Em termos de análise de sobrevida, o bom respondedor combinado (ypT(pCR+) /ypN0) foi correlacionado com SLE mais longa e a resposta combinada pode ser considerada um preditor confiável de prognóstico em pacientes com CPCNP submetidos à quimioimunoterapia neoadjuvante”, destaca a análise.
O oncologista Mauro Zukin, Diretor Técnico no Grupo COI, destaca que o paper de Huag et. al avalia a resposta patológica da quimioimunoterapia neoadjuvante no tumor e nos linfonodos mediastinais, indicando correlação importante entre a resposta patológica e o ganho de sobrevida. “O paper mostra maior taxa de resposta nos linfonodos do que no tumor, e que essa relação teve impacto na SLE. Essa avaliação e correlação são importantes para desenhar estudos com estratégias diferentes na ausência de resposta ou na persistência de doença após tratamento neoadjuvante”, analisa.
Referência: Published:October 11, 202. DOI:https://doi.org/10.1016/j.lungcan.2023.107401