Estudo do Centro Internacional de Pesquisa (CIPE) do A.C. Camargo Cancer Center selecionado em poster no ESMO GI 2024 sugere que é seguro omitir tomografias logo após o ciclo 2 de 177-LuDOTATE em pacientes com tumores neuroendócrinos (NETs) G1 e indolentes, com a intenção de reduzir custos. O trabalho tem como primeira autora a médica Carolina Campanholo Marques e como autora sênior a oncologista Rachel Riechelmann (à direita). “Para pacientes com doença mais agressiva, como aqueles com NETs G2 e G3, é aconselhável realizar imagens após cada ciclo de 177-LuDOTATE”, recomendam os autores.

Reduzir os custos relacionados ao tratamento, como o número de imagens (tomografias computadorizadas) pode melhorar o acesso do paciente ao 177-LuDOTATE, um tratamento eficaz para NETs avançados. Neste estudo, Marques e colegas avaliaram a taxa de progressão precoce do tumor (dentro de 8 a 10 semanas) em pacientes com NETs tratados com 177-LuDOTATE, assim como os fatores prognósticos associados. “Nosso objetivo foi identificar quais pacientes poderiam ser poupados de imagens radiológicas frequentes”, explicam.

Nesta análise retrospectiva foram incluídos todos os pacientes diagnosticados com NETs entre 2006 e 2023 que receberam pelo menos um ciclo de 177-LuDOTATE. O objetivo principal foi avaliar a taxa de progressão precoce da doença radiológica logo após dois ciclos de 177-LuDOTATE. Os objetivos secundários foram avaliar fatores prognósticos (grau, localização do tumor, secreção hormonal, linha de tratamento com 177-LuDOTATE) associados à sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) em modelos de riscos proporcionais de Cox.

Cinquenta e nove pacientes foram incluídos na base analítica e as localizações tumorais mais comuns foram intestino delgado (46%) e pâncreas (34%). O número mediano de ciclos foi 3 (intervalo 1-6). A análise revela que a progressão precoce foi encontrada em 10 (17%) casos. Os autores descrevem que entre 14 pacientes que receberam dois ciclos ou menos de 177-LuDOTATE, 10 (72%) interromperam o tratamento por progressão da doença, sendo 5 com doença G2 (ki67: 5-25%) e 4 com G3 (ki67: 25-90%). A sobrevida global (SG) mediana foi de 43,7 meses, enquanto a sobrevida livre de progressão (SLP) mediana foi de 16,1 meses. Na análise multivariável de Cox, graus mais altos (G2 ou G3 vs G1) foram significativamente associados a menor SLP e SG. A SLP mediana dos pacientes com NETs G1, G2 e G3 foi de 34,1, 11,7 e 6,1 meses (p = 0,01), respectivamente.

“Consideramos seguro omitir tomografias logo após o ciclo 2 de 177-LuDOTATE em pacientes com NETs G1 e indolentes, reservando imagens para após a conclusão do tratamento, com a intenção de reduzir custos. Para pacientes com doença mais agressiva, como aqueles com TNEs G2 e G3, é aconselhável realizar imagens após cada ciclo de 177-LuDOTATE”, concluem os autores.

Além de Carolina C. Marques e Rachel S. Riechelmann, o trabalho tem participação dos pesquisadores Angelo B. Carvalho de Brito, Mauro Spina Donadio e Eduardo N. Lima, todos do AC Camargo Cancer Center.

Referência:

217P - Less frequent radiological response assessment to reduce costs from 177-LuDOTATE therapy for patients with advanced neuroendocrine tumors