O oncologista Guilherme Nadar Marta (foto) é primeiro autor de estudo que buscou avaliar os fatores prognósticos de mortalidade em pacientes hospitalizados com diagnóstico de câncer e COVID-19 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). “Esta é a maior coorte latino-americana para avaliar as características, determinantes de mortalidade e desfechos clínicos nessa população de pacientes”, destacam os autores, em artigo publicado no JCO Global Oncology.
Pacientes com câncer apresentam risco aumentado de resultados desfavoráveis pela COVID-19. O conhecimento sobre os determinantes de desfechos da infecção pelo coronavírus nesta população é essencial para a estratificação de risco e definição de tratamento adequado.
Foram incluídos quinhentos e setenta e seis (n=576) pacientes consecutivos com câncer e COVID-19 hospitalizados no ICESP. Os registros médicos eletrônicos foram revisados para características clínicas e laboratoriais potencialmente associadas aos desfechos.
Os resultados demonstram uma taxa global de mortalidade hospitalar de 49,3%. Entre os fatores clínicos associados ao risco aumentado de morte por causa da COVID-19 estão idade acima de 65 anos, status ECOG > 0 zero, estar recebendo suporte clínico exclusivo (BSC, da sigla em inglês) isolado, câncer de pulmão primário e presença de metástases pulmonares. Pacientes com sinais de disfunção renal e hepática e alterações laboratoriais nos parâmetros inflamatórios no momento do diagnóstico de COVID-19 também apresentavam risco aumentado de morte. Os achados laboratoriais associados a um maior risco de desfechos desfavoráveis foram neutrofilia, linfopenia e níveis elevados de dímero D, creatinina, proteína C reativa ou AST.
“A mortalidade foi maior para pacientes com doença metastática do que para aqueles sem evidência de doença, embora nenhuma interação significativa tenha sido demonstrada entre o tratamento recente do câncer e os resultados”, observaram os autores.
“Foi observada uma alta taxa de mortalidade em pacientes com câncer diagnosticados com COVID-19, enfatizando a necessidade de vigilância rigorosa nesse grupo de pacientes, especialmente naqueles com características prognósticas desfavoráveis”, concluíram os autores.
Referência: Outcomes and Prognostic Factors in a Large Cohort of Hospitalized Cancer Patients With COVID-19 - Guilherme Nader Marta, MD; Renata Colombo Bonadio, MD; Odeli Nicole Encinas Sejas, MD; Gabriel Watarai, MD; Maria Cecilia Mathias Machado, MD; Lorena Teixeira Frasson, BS; Camila Motta Venchiarutti Moniz, MD; Raquel Keiko de Luca Ito, MD; Driele Peixoto, MD; Camilla Oliveira Hoff, MSc; Veruska Menegatti Anastacio, MD; Ulysses Ribeiro Jr, MD; Juliana Pereira, MD; Vanderson Rocha, MD; Edson Abdala, MD; Maria Del Pilar Estevez-Diz, MD; and Paulo M. Hoff, MD - DOI: 10.1200/GO.21.00087 JCO Global Oncology no. 7 (2021) 1084-1092. Published online July 6, 2021.