A prescrição de exercícios físicos como parte do tratamento clínico de pacientes com câncer tornou-se importante estratégia no arsenal terapêutico dos principais centros especializados, mas ainda há incertezas quanto ao papel da atividade física regular na modificação de marcadores de estresse oxidativo e antioxidantes. Laerte Leray Guedes (foto) é primeiro autor de revisão que avaliou marcadores de estresse oxidativo e oxidantes em pacientes de câncer que realizam atividade física. Os resultados estão na BMC Cancer.
Nesta análise, Guedes et al. buscaram ensaios clínicos randomizados que incluíssem adultos com qualquer tipo de câncer realizando alguma atividade física. Essa população foi comparada a um grupo controle de pacientes com câncer sem atividade física. Os desfechos de interesse foram marcadores de estresse oxidativo e antioxidantes.
Seis bases de dados foram utilizadas e revisadas sistematicamente (EMBASE, The Cochrane Library (CENTRAL), US National Library of Medicine (PubMed), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Cumulative Index of Nursing and Allied Health (CINAHL) e SPORTDiscus via EBSCO), considerando estudos publicados até 31 de janeiro de 2024.
Os resultados revelam que 7 ensaios clínicos randomizados controlados foram incluídos, totalizando 573 participantes de 45 anos a 65 anos de idade, majoritariamente mulheres, com os seguintes tipos de câncer: mama, pulmão, mieloma múltiplo, linfoma de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, pâncreas e câncer de útero.
Os autores descrevem que foi possível conduzir uma meta-análise demonstrando que a atividade física aumenta potencialmente os marcadores antioxidantes Trolox, Taoc, Gpx (SMD = 1,23, IC: 0,13 a 2,34). No entanto, esses achados foram classificados com evidência GRADE muito baixa a moderada.
“Pacientes com câncer que participaram de programas de atividade física podem ter exibido uma concentração aumentada de antioxidantes. Embora a qualidade geral das evidências nos estudos tenha sido muito baixa, esses achados representam importante campo de pesquisa que deve ser guiado por estudos com mais participantes e métodos homogêneos de análise de estresse oxidante e marcadores antioxidantes”, concluem os autores.
Além de Laerte Leray Guedes, o trabalho tem participação de Victória Brioso Tavares, Saul Rassy Carneiro e Laura Maria Tomazi Neves, todos pesquisadores da Universidade Federal do Pará.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência:
Guedes, L.J.L., Tavares, V.B., Carneiro, S.R. et al. The effect of physical activity on markers of oxidative and antioxidant stress in cancer patients: a systematic review and meta-analysis. BMC Cancer 25, 74 (2025). https://doi.org/10.1186/s12885-024-13099-4