Onconews - Revisão analisa avanços na compreensão da biologia e gestão do câncer vulvar

O carcinoma espinocelular vulvar (VSCC), uma rara malignidade ginecológica, tem aumentado em incidência. “A classificação molecular com base no vírus do papiloma humano (HPV) e no status da proteína tumoral 53 (p53) identificou três subtipos clinicamente distintos, mas ainda tratamos todos os casos de VSCC da mesma forma”, destacam Helen Mackay e colegas, em trabalho que revisa a classificação molecular do VSCC, descreve o cenário atual de tratamento e destaca o potencial para terapias-alvo na doença avançada.

Nesta revisão da literatura, o objetivo principal foi descrever as implicações da estratificação molecular com base no status do HPV e p53 no cenário de tratamento do VSCC avançado. Os resultados relatados no Journal of Clinical Oncology (JCO) indicam que a incorporação do status do HPV e p53 na tomada de decisão de tratamento locorregional tem o potencial de aconselhar estratégias de (des)escalonamento.

Em estágios avançados, os autores analisam que o potencial para terapias-alvo em VSCCs inclui inibidores do fator de crescimento endotelial vascular, receptor do fator de crescimento endotelial, ciclo celular e resposta a danos no DNA, principalmente em VSCCs HPV-negativos (HPV–). Outra potencial terapia-alvo atraente é visando a via da fosfoinositídeo 3 quinase ((PI3K)/alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR), atraente em VSCCs HPV-positivos e HPV–/p53 do tipo selvagem.

Mackay e colegas  ilustram, ainda, que os ensaios que incorporam conjugados anticorpo-fármaco (por exemplo, antígeno 2 da superfície celular do trofoblasto, receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano) também devem ser considerados por seu potencial, assim como os ensaios basket em cânceres de células escamosas perineais. No entanto, alertam que o papel da imunoterapia, sozinha e em combinação, requer maior exploração, especialmente no início do curso da doença.

A exemplo de outros cânceres raros, os autores destacam que o câncer vulvar fica para trás na identificação e otimização de estratégias de medicina de precisão, argumentando que modelos pré-clínicos baseados em moléculas e ensaios clínicos bem projetados, além de estudos translacionais de alta qualidade, são urgentemente necessários. “Esses ensaios exigirão colaboração internacional para garantir a viabilidade e a melhoria dos resultados para as mulheres diagnosticadas”, analisam.

O Global Cancer Statistics estimou que 45.240 mulheres foram diagnosticadas com câncer de vulva em 2020, com 17.427 mortes pela doença. Evidências revelam aumento na incidência de câncer de vulva nas últimas três décadas e com mulheres com mais de 50 anos estão em maior risco de mortalidade específica. A sobrevida global (SG) específica da doença em cinco anos de pacientes com doença em estágio I, II, III e IV da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) é de 84%, 75%, 48% e 9%, respectivamente.

Os carcinomas espinocelulares vulvares avançados representam 90% dos cânceres vulvares e uma área de alta necessidade clínica não atendida.

Referência:

Rania Chehade et al., Advances in Vulvar Cancer Biology and Management. JCO 0, JCO.24.01071
DOI:10.1200/JCO.24.01071