Os idosos representam cerca de 60% dos pacientes com câncer recém-diagnosticados, população que tem maior risco de toxicidades com medicamentos anticâncer em razão das comorbidades e alterações fisiológicas relacionadas à idade. Revisão que considerou a segurança de medicamentos oncológicos em pacientes idosos fornece informações que podem otimizar o tratamento sistêmico e valorizar uma abordagem preventiva para esta população vulnerável, enfatizando características únicas de cada classe terapêutica.
Nesta revisão, os autores contextualizam o cenário atual, em que a população idosa é frequentemente subtratada, e argumentam que um bom conhecimento da farmacologia de medicamentos oncológicos pode evitar situações de risco e limitar o surgimento de toxicidades potencialmente letais nesses pacientes.
Em relação aos agentes citotóxicos, a revisão sublinha que não há um padrão geral para considerações farmacológicas, considerando que, além de seu estreito índice terapêutico, algumas moléculas requerem adaptação sistemática em todos os pacientes idosos ou de acordo com fragilidades individuais. Por outro lado, destaca que terapias-alvo, como os anticorpos monoclonais (mAbs), são menos propensas a exigir adaptação de dose para indivíduos mais velhos. “O gerenciamento de terapias-alvo moleculares de uso oral é principalmente dependente de classe, com agentes antiangiogênicos frequentemente exigindo adaptações ou precauções especiais. Em contraste, terapias como osimertinibe podem ser prescritas em doses usuais com tolerabilidade muito boa”, descrevem os autores.
Finalmente, a revisão enfoca a segurança dos inibidores de aromatase para a população idosa, lembrando que ainda são amplamente prescritos e não requerem adaptação, enquanto terapias direcionadas aos eixos do receptor de andrógeno podem estar facilmente sujeitas a interações medicamentosas, alerta a publicação.
“No geral, o princípio 'primum non nocere' é particularmente adequado para a oncogeriatria. Tratamentos sistêmicos, cuja prescrição é frequentemente motivada por resultados interessantes em ensaios randomizados, podem, em última análise, levar a mortes tóxicas nessa população”, analisam os autores.
A íntegra do artigo de Rousseau et al. está disponível em acesso aberto, no ESMO Open.
Referência:
Safety of solid oncology drugs in older patients: a narrative review
Rousseau, A. et al. ESMO Open, Volume 9, Issue 11, 103965