Onconews - Risco de segundo tumor primário em sobreviventes de câncer de mama BRCA1 e BRCA2

Sobreviventes de câncer de mama portadores de variantes patogênicas BRCA1 e BRCA2 apresentam alto risco de um segundo câncer primário. “Essa população pode se beneficiar de medidas aprimoradas de vigilância e redução de risco”, afirmaram os autores do estudo publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO).

No estudo, os pesquisadores estimaram os riscos relativos e absolutos usando uma nova associação de dados de testes genéticos com registros eletrônicos de saúde em escala populacional do National Disease Registration Service e do Hospital Episode Statistics.

Foram acompanhados 25.811 mulheres e 480 homens diagnosticados com câncer de mama e testados para variantes patogênicas da linhagem germinativa BRCA1/BRCA2 em centros de Genética Clínica do National Health Service (NHS) na Inglaterra entre 1995 e 2019 até o diagnóstico de um segundo câncer primário, morte, migração, cirurgia de mama/ovário contralateral há mais de 1 ano, ou 31 de dezembro de 2020. As taxas de incidência padronizadas (SIRs) foram estimadas usando incidências populacionais inglesas, e razão de risco (HRs) comparando portadores a não portadores usando regressão de Cox e riscos cumulativos de Kaplan-Meier de 10 anos.

Resultados

Havia 1.840 portadoras de variantes patogênicas BRCA1 e 1.750 BRCA2. Em comparação com as incidências populacionais, os portadores de BRCA1 apresentaram riscos elevados de um segundo câncer primário de mama contralateral (SIR, 15,6 [IC de 95%, 11,8 a 20,2]), ovário (SIR, 44,0 [IC de 95%, 31,4 a 59,9]), combinado não mama/ovário (SIR, 2,18 [IC de 95%, 1,59 a 2,92]), colorretal (SIR, 4,80 [IC de 95%, 2,62 a 8,05]) e endometrial (SIR, 2,92 [IC de 95%, 1,07 a 6,35]) SPC.

Os portadores de BRCA2 apresentaram riscos elevados de segundo câncer primário de mama contralateral (SIR, 7,70 [IC de 95%, 5,45 a 10,6]), ovário (SIR, 16,8 [IC de 95%, 10,3 a 26,0]), pâncreas (SIR, 5,42 [IC de 95%, 2,09 a 12,5]) e combinado não mama/ovário (SIR, 1,68 [IC de 95%, 1,24 a 2,23]).

Em comparação com mulheres sem variantes patogênicas BRCA1/BRCA2 no teste, as portadoras de BRCA1 apresentaram riscos elevados de segundo câncer primário de mama contralateral (HR, 3,60 [IC de 95%, 2,65 a 4,90]), ovariano (HR, 33,0 [IC de 95%, 19,1 a 57,1]), combinado não mama/ovário (HR, 1,45 [IC de 95%, 1,05 a 2,01]) e colorretal (HR, 2,93 [IC de 95%, 1,53 a 5,62]). Portadores de BRCA2 apresentaram riscos elevados de segundo câncer primário de mama contralateral (HR, 2,40 [IC de 95%, 1,70 a 3,40]), ovariano (HR, 12,0 [IC de 95%, 6,70 a 21,5]) e pancreático (HR, 3,56 [IC de 95%, 1,34 a 9,48]).

Os riscos cumulativos de câncer de mama contralateral, ovário e câncer combinado não mama/ovário em dez anos foram de 16%/ 6,3% / 7,8% (portadores de BRCA1), 12%/ 3,0% / 6,2% (portadores de BRCA2) e 3,6% / 0,4% / 4,9% (não portadores). Homens BRCA2 apresentaram maiores riscos de segundo câncer primário de mama contralateral (HR, 13,1 [IC de 95%, 1,19 a 146]) e próstata (HR, 5,61 [IC de 95%, 1,96 a 16,0]) em comparação com não portadores.

Em síntese, sobreviventes de câncer de mama portadores de variantes patogênicas BRCA1 e BRCA2 apresentam alto risco de segundo câncer primário, e podem se beneficiar de medidas aprimoradas de vigilância e redução de risco. 

Referência:

Isaac Allen et al., Second Primary Cancer Risks After Breast Cancer in BRCA1 and BRCA2 Pathogenic Variant Carriers. JCO 0, JCO.24.01146. DOI:10.1200/JCO.24.01146