Uma parceria acadêmica foi capaz de educar com sucesso os membros de uma comunidade nativa exposta ao radônio, promovendo ações que reduziram o risco de exposição e, consequentemente, o risco de desenvolver câncer de pulmão. Os resultados estão entre os destaques do ASCO Quality Care Symposium 2024, que acontece de 27 a 28 de setembro, em São Francisco, Califórnia.
O radônio é um gás radioativo inodoro e incolor liberado no ar a partir do leito rochoso e é a segunda principal causa de câncer de pulmão nos Estados Unidos. Ele pode ser encontrado no solo e nas águas subterrâneas em muitas partes dos Estados Unidos e pode infiltrar-se em edifícios, incluindo casas. As comunidades nativas de Wisconsin carregam uma carga descomunal de câncer de pulmão. O teste de radônio é possível para essas comunidades, mas o custo para mitigar a exposição não é acessível.
O Carbone Cancer Center da Universidade de Wisconsin (UWCCC) fez uma parceria com o Stockbridge-Munsee Band of the Mohican Nation (S-M) Health Center para testar casas quanto aos níveis de radônio e mitigar essas estruturas sempre que os níveis fossem acima do estabelecido. Testes anteriores sugeriram que 10% das casas em Wisconsin apresentam altos níveis de radônio (acima de 4 pCi/L). O nível médio de radônio entre as casas testadas em Wisconsin é de 5,7 pCi/L (American Lung Association, Radon Testing Disparities: Wisconsin, 2022).
“Nosso estudo demonstra a importância dos centros de câncer em suas comunidades locais. Ao fazer parceria com os nativos do povo Stockbridge-Munsee, foi possível abordar os determinantes estruturais da saúde que levam a disparidades importantes”, disse o autor sênior do estudo, Michael S. Lundin, Diretor Médico do Stockbridge-Munsee Health and Wellness Center.
Um total de 85 kits de teste de radônio foram distribuídos como parte da parceria. Suspeitou-se que 10% das casas testadas teriam altos níveis de radônio. Todos os kits de teste foram devolvidos e 47 (55,3%) testaram positivo para alto nível de radônio, com níveis muito acima da média das casas em Wisconsin.
O nível médio de radônio entre as casas que testaram altos índices na comunidade nativa foi de 11,9 pCi/L. O resultado mais alto do teste foi de 111,6 pCi/L - 25 vezes maior do que o nível de exposição recomendado. "Aumentamos com sucesso o conhecimento sobre radônio nesta comunidade. Sem o apoio do nosso projeto eles não teriam como arcar com as medidas para identificar a exposição ao radônio e mitigar seus efeitos”, disse Lundin.
Esta comunidade notou taxas mais altas de câncer entre seu povo por muitas gerações e expressou preocupação de que suas terras os estavam envenenando. “Eles estavam corretos”, disse Noelle LoConte, Professora Associada de Medicina na Universidade de Wisconsin-Madison, primeira autora do estudo.
Os níveis de radônio eram muito mais elevados do que o previsto e explicam taxas mais altas de câncer de pulmão nessa comunidade. Agora, os pesquisadores esperam expandir o programa para outras comunidades nativas em Wisconsin.
Referência:
Radon mitigation in Native communities: A partnership between a tribal health clinic and University of Wisconsin Carbone Cancer Center.
First Author: Noelle K. LoConte
Meeting: 2024 ASCO Quality Care Symposium
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Oral Abstract Session B
Track: Health Care Access, Equity, and Disparities,Patient Experience,Quality, Safety, and Implementation Science
Sub Track: Cancer Outcome Disparities
Citation: JCO Oncol Pract 20, 2024 (suppl 10; abstr 44)
DOI: 10.1200/OP.2024.20.10_suppl.44