Estudo sul-coreano que analisou as tendências atuais da pancreatoduodenectomia (PD), com foco nos avanços da cirurgia robótica, apresenta dados de tendências temporais e resultados clínicos de longo prazo associados à PD assistida por robótica em 630 casos consecutivos. A análise destaca que a cirurgia assistida por robótica já responde por mais de 50% de todos os casos de PD em centros de alto volume e mostra que nos casos de câncer periampular, a técnica apresenta taxa de sobrevida em 5 anos comparável à cirurgia aberta (61,8% vs. 49,8%, p = 0,189).
A pancreatoduodenectomia (PD) é uma cirurgia abdominal complexa e a adoção da PD robótica tem aumentado. Entre 2015 e 2023, um total de 1.231 pacientes foram submetidos à PD aberta no Hospital da Universidade Nacional de Seul, enquanto 630 foram submetidos à PD assistida por robô (RAPD, nas iniciais em inglês). Os dados demográficos e os resultados cirúrgicos foram analisados de acordo com o período. Além disso, uma análise de pontuação de propensão correspondente (PSM) foi realizada para avaliar os resultados clínicos.
RAPD é uma abordagem que combina ressecção laparoscópica com anastomose robótica. Segundo os autores, a técnica oferece vantagens como feedback tátil durante a dissecção laparoscópica, tempo de operação curto com trocas rápidas de instrumentos, ampla visão e ângulo da câmera durante a dissecção, além do uso de uma plataforma robótica articulada para anastomose.
Os resultados foram relatados por Lee et al. e revelam que a proporção de casos de RAPD aumentou gradualmente de 6,3% em 2015 para 50,9% em 2020, atingindo um patamar de >50% depois disso. A análise também descreve que a proporção de pacientes recebendo quimioterapia neoadjuvante aumentou durante o período (11,4% vs. 17,6%), com muitos desses pacientes sendo submetidos à PD aberta. Além disso, a RAPD foi realizada em pacientes com alta probabilidade de fístula pancreática pós-operatória. No entanto, os dois grupos não demonstraram nenhuma diferença significativa na ocorrência de fístula pancreática pós-operatória clinicamente relevante (10,6% vs. 9,5%, p = 0,532). Entre os casos de câncer periampular, a RAPD demonstrou resultados de sobrevida comparáveis à PD aberta após PSM (taxa de sobrevida em 5 anos: 61,8% vs. 49,8%, p = 0,189).
“A pancreatoduodenectomia assistida por robô se tornou uma abordagem estável, respondendo por mais de 50% de todos os casos de PD em centros de alto volume e pode ser realizada com segurança. No entanto, a PD aberta continua importante devido ao desenvolvimento da terapia neoadjuvante e ao envelhecimento da população. Portanto, é necessário estabelecer indicações apropriadas para maximizar os benefícios da RAPD e da PD aberta”, concluem os autores.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto no Journal of Hepato-Biliary-Pancreatic Sciences.
Referência:
Lee M, Chae YS, Park S,Yun W-G, Jung H-S, Han Y, et al. Current trends intypes of pancreatoduodenectomy: Focus on theadvancement of robot-assistedpancreatoduodenectomy with 630 consecutivecases. J Hepatobiliary Pancreat Sci. 2024;00:1–11.https://doi.org/10.1002/jhbp.12086