Onconews - Terapia cognitivo-comportamental virtual para insônia e comprometimento cognitivo em sobreviventes de câncer

Estudo de Garland et al. publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) examinou a eficácia e durabilidade da terapia cognitivo-comportamental para insônia na percepção do comprometimento cognitivo relacionado ao câncer em sobreviventes de câncer. “Os resultados evidenciam não apenas a melhoria imediata, mas também a durabilidade dos benefícios ao longo do tempo”, destaca Cristiane Bergerot (foto), psico-oncologista do Grupo Oncoclínicas, em Brasília.

A insônia comórbida e o comprometimento cognitivo relacionado ao câncer (CRCI) são vivenciados por até 26% dos indivíduos diagnosticados com câncer, e existe uma necessidade urgente de aumentar o acesso ao tratamento baseado em evidências para a insônia nos centros de câncer e na comunidade.

Nesse estudo, sobreviventes de câncer do Canadá Atlântico com insônia e comprometimento cognitivo relacionado ao câncer foram randomizados para receber sete sessões virtuais semanais de TCC-I (n = 63) ou alocados para um grupo de controle em lista de espera (n = 69) para receber tratamento após o período de espera. Os participantes completaram as avaliações no baseline, 1 mês (meio do tratamento) e 2 meses (pós-tratamento).

Modelos de efeitos mistos ajustados à idade e à escolaridade, utilizando princípios de intenção de tratar, avaliaram a mudança no pós-tratamento. Os dados de ambos os grupos foram agrupados para avaliar a durabilidade dos efeitos aos 3 e 6 meses. Uma análise de mediação examinou se a mudança nos sintomas de insônia mediou o efeito da terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I) nos resultados cognitivos.

Resultados

A média de idade da amostra foi de 60 anos, 77% eram mulheres e o câncer de mama foi o diagnóstico mais comum (41%). O grupo de tratamento relatou uma redução de 11,35 pontos na gravidade da insônia, em comparação com uma redução de 2,67 pontos no grupo de controle da lista de espera (P < 0,001).

O grupo de tratamento teve uma melhora global maior do que o grupo controle da lista de espera no comprometimento cognitivo percebido (P < 0,001; d = 0,75), nas habilidades cognitivas (P < 0,001; d = 0,92) e no impacto na qualidade de vida (P < 0,00. 001; d = 1,01). Essas melhorias foram mantidas no acompanhamento. A mudança nos sintomas de insônia mediou totalmente o efeito da TCC-I nos resultados cognitivos subjetivos.

“Este estudo representa uma contribuição significativa para o campo da oncologia, destacando a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I) na redução do comprometimento cognitivo relacionado ao câncer (CRCI) em sobreviventes da doença. Essas descobertas enfatizam a importância de abordagens integradas para o tratamento de comorbidades em pacientes oncológicos, destacando a necessidade urgente de disponibilizar tratamentos baseados em evidências para insônia em centros de tratamento oncológico”, conclui Cristiane Bergerot.

Referência: Sheila N. Garland et al., Randomized Controlled Trial of Virtually Delivered Cognitive Behavioral Therapy for Insomnia to Address Perceived Cancer-Related Cognitive Impearment in Cancer Survivors. JCO 0, JCO.23.02330. DOI:10.1200/JCO.23.02330