O teste molecular para papilomavírus humano (HPV) está gradualmente substituindo a citologia no rastreamento do câncer cervical. Estudo de base populacional comparou dados de 4140 mulheres de 20 a 64 anos que participaram de um rastreamento organizado e foram testadas por cinco métodos diferentes. Em um acompanhamento de 9 anos, as análises mostram que os testes de HPV foram comparáveis em segurança, com proteção mais efetiva contra lesões precursoras do que a citologia, mas diferiram na especificidade longitudinal, nas taxas de encaminhamento associadas e na capacidade de definir riscos específicos do HPV. “O teste de HPV usando uma abordagem baseada em risco é o melhor caminho a seguir no rastreamento do câncer cervical”, analisam os autores.
Por sua sensibilidade superior e valor preditivo negativo, os testes baseados no HPV vem substituindo a citologia para triagem cervical primária, mas ainda não está claro quais ensaios de HPV são mais eficazes e oferecem o melhor desempenho longitudinal. Uma revisão recente demonstrou a abundância de ensaios de HPV disponíveis comercialmente, com 264 ensaios distintos de HPV identificados, mas apenas uma dúzia de ensaios de DNA de HPV de alto risco atendem a todos os requisitos para triagem primária baseada em HPV e poucos têm dados de acompanhamento longitudinal de pelo menos 5 anos.
Neste estudo de coorte de base populacional, o objetivo foi avaliar a segurança a longo prazo de cinco métodos de triagem do câncer cervical, incluindo citologia e quatro ensaios de HPV clinicamente validados para triagem. Para avaliar a segurança a longo prazo, os riscos cumulativos de NIC2+/NIC3+ foram estimados após um resultado de linha de base negativo obtido por citologia convencional e quatro ensaios de HPV clinicamente validados: Hybrid Capture 2 (hc2), RealTime High Risk HPV assay (RealTime), cobas 4800 HPV Test (cobas_4800) e Alinity m HR HPV (Alinity).
Os resultados foram relatados no International Journal of Cancer e mostram que mulheres HPV-negativas no início do estudo apresentaram risco substancialmente menor de NIC2+ comparadas àquelas com citologia normal no início do estudo: 0,84% (IC de 95%, 0,46–1,22), 0,90% (IC de 95%, 0,51–1,29), 0,78% (IC de 95%, 0,42–1,15) e 0,75% (IC de 95%, 0,39–1,11) para hc2, RealTime, cobas_4800 e Alinity, respectivamente, em comparação com 2,46% (IC de 95%, 1,88–3,03) para citologia. Não foram observadas diferenças entre os ensaios de HPV na sensibilidade longitudinal (intervalo: 86,21%–90,36%) e valores preditivos negativos (intervalo: 99,54%–99,70%) para NIC2+ em mulheres ≥30 anos, mas foram significativamente diferentes da citologia (p < 0,05).
O risco cumulativo de 9 anos de NIC2+ diferiu significativamente entre os genótipos do HPV, atingindo 32,1% (IC de 95%, 14,5–46,1) para o HPV16, 24,9% (IC de 95%, 4,7–40,8) para o HPV18/45, 27,2% (IC de 95%, 14,6–37,8) para o HPV31/33/35/52/58 e 8,1% (IC de 95%, 0,0–16,7) para o HPV39/51/56/59. Em síntese, os quatro ensaios de HPV clinicamente validados mostraram segurança comparável e melhor garantia contra lesões pré-cancerosas do que a citologia, mas algumas diferenças importantes foram identificadas nas características de desempenho dos ensaios de HPV, impactando a taxa de encaminhamento.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência:
Clinically validated HPV assays offer comparable long-term safety in primary cervical cancer screening: A 9-year follow-up of a population-based screening cohort
Anja Oštrbenk Valenčak, Kelsi R. Kroon, Danijela Fabjan, Jana Mlakar, Katja Seme, Johannes Berkhof, Mario Poljak First published: 24 September 2024
https://doi.org/10.1002/ijc.35200