Toripalimabe neoadjuvante combinado com axitinibe demonstrou taxa de resposta patológica promissora no melanoma de mucosa ressecável, com aumento significativo de células T infiltrantes CD3+/CD8+ após a terapia. É o que apontam resultados de Lian et al. relatados no Annals of Oncology.
Toripalimabe combinado com axitinibe mostrou resultados importantes no melanoma metastático da mucosa em um estudo de fase 1b, com taxa de resposta objetiva de 48,3% e mediana de sobrevida livre de progressão de 7,5 meses. Agora essa combinação foi avaliada no contexto neoadjuvante, com a expectativa de induzir resposta patológica.
Neste estudo de fase II de braço único (NCT04180995) foram inscritos pacientes com melanoma de mucosa ressecável. Os pacientes receberam toripalimabe 3 mg/kg Q2W mais axitinibe 5 mg BID por 8 semanas como terapia neoadjuvante, seguido de cirurgia e toripalimabe adjuvante 3 mg/kg Q2W começando 2±1 semana após a cirurgia, com duração de 44 semanas. O endpoint primário é a taxa de resposta patológica, de acordo com as recomendações do International Neoadjuvant Melanoma Consortium.
Entre agosto de 2019 e outubro de 2021, foram inscritos 29 pacientes para receber o esquema neoadjuvante, dos quais 24 foram submetidos à ressecção. O seguimento mediano foi de 34,2 meses (IC 95% [20,4 a 48,0]).
Os resultados de Lian et al. mostram que a taxa de resposta patológica foi de 33,3% (24/08, 4 pCR, 4pPR). A mediana de sobrevida livre de eventos para todos os pacientes foi de 11,1 meses (IC 95% [5,3; 16,9]). A mediana de SG não foi alcançada. A terapia neoadjuvante foi tolerável com 8 (27,5%) eventos adversos (EAs) de grau 3-4 relacionados ao tratamento e nenhuma morte relacionada ao braço de intervenção. Foram coletadas amostras de tecido de 17 pacientes no início e após a cirurgia (5 respondedores e 12 não respondedores). A imuno-histoquímica (Multiplex IHC) demonstrou aumento significativo de linfócitos infiltrantes de tumor CD3+ (p=0,0032) e CD3+CD8+ (p=0,0038) após terapia neoadjuvante, particularmente em respondedores patológicos.
Em síntese, os resultados deste ensaio clínico de fase II com toripalimabe neoadjuvante mais axitinibe demonstraram taxa de resposta patológica promissora de 33,3% e sobrevida livre de recorrência de 11,7 meses nos respondedores. A infiltração de células T CD3+/CD8+ após terapia neoadjuvante foi associada à resposta patológica. “Este regime neoadjuvante parece prolongar a sobrevida de pacientes com melanoma de mucosa submetidos à cirurgia após terapia neoadjuvante enquanto maximiza a preservação funcional”, destacam os autores, acrescentando que esses achados fornecem a base para pesquisas futuras.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: Published:November 11, 2023. DOI:https://doi.org/10.1016/j.annonc.2023.10.793