A União Europeia aprovou o uso de osimertinibe (Tagrisso®, Astrazeneca) associado à quimioterapia à base de platina no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas localmente avançado ou metastático com mutação de EGFR (deleção do éxon 19 ou mutação no L858R). A decisão é baseada nos resultados do estudo randomizado de Fase 3 FLAURA2, publicado na New England Journal of Medicine (NEJM).
O estudo FLAURA2 (NCT04035486) envolveu 557 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) localmente avançado (Estágio IIIB-IIIC) ou metastático (Estágio IV) que apresentavam deleção do éxon 19 do EGFR ou mutação positiva do éxon 21 L858R e não haviam recebido terapia sistêmica para doença avançada. Os pacientes foram randomizados (1:1) para receber osimertinibe com quimioterapia à base de platina ou osimertinibe isolado. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelos investigadores, sendo a sobrevida global (SG) um endpoint secundário importante.
A combinação de osimertinibe mais quimioterapia à base de platina demonstrou uma melhoria estatisticamente significativa na SLP em comparação com osimertinibe em monoterapia, com uma razão de risco de 0,62 (IC de 95%: 0,49–0,79; P bilateral < 0,0001). A mediana de SLP foi de 25,5 meses (IC 95%: 24,7 meses – não estimável) e 16,7 meses (IC 95%: 14,1–21,3 meses) nos respectivos braços.
Os resultados da SLP por revisão central independente e cega (BICR) foram consistentes com os resultados da avaliação do investigador, mostrando uma mediana de SLP de 29,4 meses com osimertinibe mais quimioterapia, uma melhoria de 9,5 meses em relação à monoterapia com osimertinibe (19,9 meses) (HR 0,62; IC 95% 0,48- 0,80; nominal p=0.0002).
Os resultados de uma análise exploratória pré-especificada de pacientes no estudo FLAURA2 com metástases cerebrais no início do estudo mostraram que osimertinibe mais quimioterapia reduziu o risco de progressão da doença do sistema nervoso central (SNC) ou morte em 42% em comparação com osimertinibe em monoterapia (HR 0,58; IC 95% 0,33-1,01) conforme avaliado pelo BICR. Com dois anos de acompanhamento, 74% dos pacientes tratados com osimertinibe mais quimioterapia não apresentaram progressão da doença do SNC ou morte versus 54% dos pacientes tratados com osimertinibe em monoterapia.
Embora os resultados de sobrevida global (SG) não estivessem maduros na segunda análise interina (maturidade de 41%), foi observada uma tendência para um benefício de SG com osimertinibe mais QT versus osimertinibe isolado (HR 0,75; IC 95% 0,57-0,97), conforme apresentado no Congresso Europeu do Câncer de Pulmão de 2024. O ensaio continua a avaliar a SG como um endpoint secundário importante.
O perfil de segurança de osimertinibe mais quimioterapia foi consistente com os perfis estabelecidos para cada medicamento. As taxas de eventos adversos (EA) foram mais elevadas no braço osimertinibe mais QT, impulsionadas por EAs bem caracterizados relacionados com a quimioterapia. As taxas de descontinuação devido a EAs foram de 11% para osimertinibe mais quimioterapia e 6% para monoterapia.
“A aprovação marca um avanço significativo para pacientes com câncer de pulmão com mutação de EGFR na Europa, fornecendo uma nova opção de tratamento de 1ª linha com osimertinibe agora em combinação com quimioterapia. Os resultados do FLAURA2 baseiam-se na eficácia estabelecida da monoterapia com osimertinibe, mostrando uma melhoria significativa em nove meses na sobrevida livre de progressão e oferecendo aos médicos a opção de adaptar o tratamento às necessidades específicas do paciente”, afirmou David Planchard, oncologista torácico do Gustave Roussy e investigador principal do estudo.