A Comissão Europeia aprovou o anti-PD-1 pembrolizumabe (Keytruda), da MSD, para o tratamento em segunda linha de pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático cujos tumores expressam PD-L1 e que tenham recebido pelo menos um regime anterior de quimioterapia.
Os pacientes com tumores positivos para as mutações EGFR ou ALK também devem ter recebido as terapias aprovadas para estas mutações antes de receberem o pembrolizumabe. A aprovação do medicamento, que já estava disponível para pacientes com melanoma, permite a comercialização da droga em todos os 28 países membros da União Europeia.
A decisão é baseada nos resultados do KEYNOTE-010, um estudo pivotal que mostrou que pembrolizumabe melhorou significativamente a sobrevida global (SG) em relação ao padrão de cuidados com quimioterapia. O medicamento foi aprovado para uso na dose de 2mg/kg a cada três semanas.
"O benefício de sobrevida do pembrolizumabe observado em pacientes previamente tratados que expressam PD-L1 é promissor", disse Luis Paz-Ares, presidente do departamento de oncologia médica do Hospital Universitário de Madri, Espanha. "Com esta aprovação, agora temos uma nova opção de tratamento personalizado que utiliza testes de biomarcadores para prever quais pacientes são mais suscetíveis ao benefício do tratamento", observou.
Sobre o KEYNOTE-010
KEYNOTE-010 é um estudo pivotal de fase 2/3, aberto, randomizado, que avaliou pembrolizumabe (2mg/kg ou 10mg/kg, a cada três semanas) em comparação com o padrão de cuidados de quimioterapia (docetaxel, 75 mg/m2 a cada três semanas) em 1.033 pacientes com CPNPC escamosas e não-escamosas que progrediram após a terapia sistêmica com platina e cujos tumores expressam PD-L1. Os endpoints primários foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão, avaliados com base em pacientes com qualquer nível de expressão de PD-L1 (maior ou igual a 1%) e em pacientes cujos tumores expressaram níveis mais elevados de PD-L1 (maior ou igual a 50%).
Na população total do estudo (todos os níveis de expressão de PD-L1), ambas as doses de pembrolizumabe estudadas melhoraram significativamente a sobrevida global em comparação com o docetaxel. Na dose de 2mg/kg pembrolizumabe resultou em uma melhoria de 29% na sobrevida global (HR 0,71 [95% IC, 0,58-0,88; P = 0,001]); enquanto na dose de 10mg/kghouve uma melhoria de 39% na sobrevida global (HR 0.61 [95%IC, 0,49-0,75; P <0,001]), em comparação com o docetaxel. A mediana de sobrevida global para pembrolizumabe(2 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente)foi de 10,4 meses (95%IC, 9.4-11.9) e 12,7 meses (95%IC, 10.-17.3), em comparação com 8,5 meses para docetaxel (95% IC, 7,5-9,8).
Entre os pacientes com níveis mais elevados de expressão de PD-L1 (score de 50% ou mais), a sobrevida global também foi superior nas duas doses de pembrolizumabe em comparação com docetaxel. O uso do anti PD-1 melhorou a sobrevida global em 46% para a dose de 2mg/kg (HR 0,54 [95% IC, 0,38-0,77; P = 0,001]) e 50% para a dose de 10mg/kg (HR 0,50 [95% IC, 0,36-0,70; P <0,001]), em comparação com docetaxel. A mediana de sobrevida global para pembrolizumabe (2 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente) foi de 14,9 meses (95%IC, 10,4 a não alcançado) e 17,3 meses (95%IC, 11,8 a não alcançado), em comparação com 8,2 meses para docetaxel (95%IC, 6,4-10,7).
Na população total do estudo, os pacientes tratados com o inibidor de checkpoint imunológico pembrolizumabe (2 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente), apresentaram mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) de 3,9 meses (95% IC, 3,1-4,1) e 4 meses (95% IC, 2,6-4,3), em comparação com 4,0 meses para quimioterapia (95% IC, 3,1-4,2). Pembrolizumabe reduziu o risco de progressão ou morte em ambas as doses (HR 0.88 [95% IC, 0,73-1,04] para 2 mg/kg; HR 0,79 [95% IC, 0,66-0,94] para 10 mg/kg). Os resultados de sobrevida livre de progressão na população geral não foram estatisticamente significativos para as doses avaliadas.
Os pacientes com níveis mais elevados de expressão de PD-L1 que foram tratados com pembrolizumabe prolongaram significativamente a SLP em comparação com docetaxel (HR 0.58 [95% IC, 0,43-0,77; P=0,001] para 2 mg/kg; HR 0,59 [95% IC, 0,45-0,78; P<0,001] para 10 mg/kg). Entre os pacientes tratados com a imunoterapia (2 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente), a mediana de sobrevida livre de progressão foi de 5,2 meses (95% IC, 4,0-6,5) e 5,2 meses (95% IC, 4,1-8,1), em comparação com 4,1 meses para docetaxel (95% IC, 3,6-4,3).
A análise de segurança que apoiou a aprovação europeia do pembrolizumabe foi baseada em 2.799 pacientes com melanoma avançado ou CPNPC em três doses (2 mg/kg a cada três semanas ou 10 mg/kg a cada duas ou três semanas) na combinação dos estudos KEYNOTE-001, KEYNOTE-002 e KEYNOTE-010. As reações adversas mais comuns (> 10%) com pembrolizumabe foram fadiga (24%), rash (19%), prurido (18%), diarreia (12%), náusea (11%) e artralgia (10%). A maioria das reações adversas relatadas foram de graus 1 ou 2. As reações adversas mais graves foram reações imuno-relacionadas e reações graves relacionadas com a infusão.